O Painel dos Presidentes do Lean Summit 2010 contou com a presença dos presidentes de 4 empresas (Embraer, AstraZeneca, Cedro Têxtil e Mangels) que relataram as trajetórias lean de suas empresas (1).
Em comum, relataram significativas melhorias nos indicadores de entrega e de satisfação dos clientes, enorme redução de “lead times” e de estoques, substanciais incrementos de produtividade e qualidade, liberação de capacidade produtiva sem requerer investimentos, maior satisfação e envolvimento dos colaboradores, entre outros benefícios e ganhos. E confessaram que não esperavam tantos impactos positivos nos negócios no início da transformação lean.
Ao serem indagados sobre os passos futuros da jornada lean em suas empresas, responderam que estavam procurando expandir os conceitos para outras áreas e funções da empresa, além da manufatura, assim como consolidar os ganhos e progressos alcançados.
Os presidentes disseram ainda que estavam preocupados em manter a “chama do lean acesa”. Ou seja, como garantir o entusiasmo, o envolvimento e o engajamento das pessoas para não permitir que seja visto como uma “onda” ou como um programa que tem um fim (Pronto! Já somos lean!).
Algumas das ferramentas que estavam usando, cada empresa a seu modo, eram: os Circulos de Kaizen, para envolver a todos os colaboradores em projetos de melhoria realizados por pequenos grupos; os métodos de avaliação de células (áreas de trabalho, quer seja na produção quer na administração, engenharia, vendas, assistência aos clientes, serviços etc.) em que a empresa, usando critérios objetivos, avalia, audita e certifica as mesmas em seu estágio de evolução da implementação do lean; a criação de multiplicadores; a estruturação de uma equipe lean mais forte; a solidificação e expansão do processo de gerenciamento A3, entre outros métodos e ferramentas.
E ao comentarem sobre qual tem sido o papel deles na transformação, em geral, disseram que devem delegar, mas fazer um “follow up” mais intenso, se aproximando mais e acompanhando mais de perto as ações na implementação. Além disso, que um de seus papéis centrais é desafiar a organização a seguir em frente, buscando resultados crescentemente melhores. Alguns reconhecem a importância de ir ao “gemba”, o local onde as coisas acontecem, e da liderança pelo exemplo.
Assim, de modo geral, eles, embora tenham reconhecido a necessidade de transformar lean no sistema de gestão, parecem ainda não ter clareza sobre a magnitude das mudanças requeridas.
De qualquer modo, foi importante registrar que os presidentes dessas empresas reconheceram que:
- lean traz resultados expressivos para o negócio;
- traz significativos impactos sobre a gestão da empresa;
- requer compromisso da alta administração, com um novo estilo de liderança;
- e exige muito esforço para se perpetuar.
Assim, esse talvez não seja o desafio apenas dessas empresas que participaram desse painel, mas de todo o movimento lean. Como transformar o sistema de gestão tradicional predominante hoje na maioria das empresas: com falta de foco nos clientes; com preponderância de silos verticais, e não de fluxos de valor horizontais, movendo-se em direção aos clientes; hierarquia e autoridade baseada no comando e controle, prevalecendo sobre a nova responsabilidade gerencial de ajuda e apoio, de estímulo as iniciativas e do desenvolvimento de pessoas e equipes que assumem as responsabilidades.
Nesse sentido, a apresentação de James Womack realizada no Summit, contrastando a gestão moderna com a gestão lean, foi útil para apontar os caminhos futuros para o movimento lean no Brasil e no resto do mundo.
A preocupação dos presidentes apresentada no painel é muito válida. Como manter a “chama acesa” é um desafio para todos nós. Mas na medida em que a gestão lean se dissemine para um número crescente de áreas, funções e pessoas, a chama estará sempre acesa.
(1) O vídeo dessa sessão estará disponível no site leansummit2010.lean.org.br a partir do dia 8 de setembro, juntamente com outros materiais do Lean Summit 2010.
PS1. Um projeto social aplicando os conceitos lean em uma cooperativa de material reciclável em Sumaré-SP, apresentado em “pôster” no Lean Summit 2010, mereceu citação na última e-letter de James Womack (Encantado por um “greenfield”) que vai para mais de 200.000 pessoas em todo o mundo. Para detalhes, veja o artigo Lean na reciclagem de materiais da Cooperativa Aliança.
PS2. Teremos a satisfação de participar do 1º Simpósio de Excelência em Manufatura promovido pela SAE (www.saebrasil.org.br), em Porto Alegre, no dia 16 de setembro no Salão de Convenções da FIERGS, com a presença de Gary Convis, CEO da Dana e ex-presidente da Toyota dos EUA.