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10 anos de LIB: sucessos, problemas e desafios futuros.

10 anos de LIB: sucessos, problemas e desafios futuros.

Em Novembro de 1998 criamos o Lean Institute Brasil (LIB) com o intuito de.disseminar no país a filosofia lean de gestão, inspirada no Sistema Toyota. Pouco mais de um ano antes, James Womack havia criado o Lean Enterprise Institute (LEI) nos EUA, o que nos serviu de inspiração e motivação. Na época, o conhecimento sobre o sistema lean era escasso. Raras eram as empresas que tinham algum conhecimento prático, restrito a aplicação isolada de algumas das ferramentas lean. Não havia uma compreensão do sistema completo e muito menos dos princípios por trás dos conceitos. E ainda, o desempenho da maior parte das empresas no país estava abaixo do resto do mundo.

A Toyota, embora tivesse usado por anos o Brasil como laboratório para a realização de experimentos e inovações, permanecera invisível ao radar da maioria dos brasileiros, incapazes de enxergar seus métodos e práticas. Em parte pelo seu reduzido tamanho e influencia, mas também pelas dificuldades de compreensão do que estava abaixo da superfície do Sistema Lean, seus conceitos e valores mais profundos.

Ao longo destes dez anos, lançamos manuais e livros, promovemos Lean Summits, que se tornaram um dos maiores eventos sobre lean no mundo, treinamos mais de 15.000 profissionais em workshops práticos, realizamos Fóruns Regionais e oferecemos cursos internacionais com alguns dos maiores especialistas do mundo. Nossa iniciativa serviu para incentivar diversos outros países, de forma que hoje temos 16 Institutos na Lean Global Network, muitos dos quais ajudamos a serem criados.

Com isso, contribuímos para que diversas empresas dessem saltos significativos em seu desempenho e para que fosse ampliado o conhecimento e o interesse das empresas e de seus profissionais. Diversas empresas iniciaram suas jornadas lean com nosso apoio, muitas das quais se tornaram referência mundial dentro de suas corporações.

Chegamos agora a este momento em que há grande interesse, com empresas de praticamente todos os setores da economia iniciando ou continuando projetos de transformação lean, quase sempre com muito sucesso.

Por exemplo, neste ano tivemos o caso do sucesso de uma empresa centenária de capital nacional no setor têxtil, segmento estagnado e sofrendo uma forte concorrência internacional, principalmente chinesa, que conseguiu ter o melhor ano de sua história graças, em grande parte, à redução de custos, principalmente de estoques, e aumento da produtividade e qualidade, além de melhor atendimento dos clientes usando os princípios lean.

Esta situação tem ocorrido em diversas situações em que as empresas vêm obtendo ganhos substanciais após 1 ou 2 anos de implementação.

Assim, de um lado, temos motivos para nos orgulharmos destes progressos alcançados, mas por outro, estamos muito preocupados, pois sabemos das grandes dificuldades de sustentação e de aprofundamento do sistema lean de forma a torná-lo um sistema de gestão, com todo seu potencial de resultados.

O atual momento de crise pode fazer com que as empresas percam muito do esforço de melhor planejamento e de métodos robustos de solução de problemas e de implementar melhorias, e voltem ao modo anterior de apagar incêndios.

Mas há as dificuldades de transformação de sistemas de gestão enraizados. Dentre os desafios que vislumbramos para a comunidade lean do Brasil nos próximos anos, destacamos a necessidade de transformação do sistema de gestão completo e do estilo de liderança predominante.

Acabamos de dar um importante passo nesta direção com a tradução do livro “Managing to Learn” (Gerenciando para o Aprendizado) de John Shook. Nele, John, que juntamente com James Womack, tem sido um dos principais mentores do LIB, descreve o processo de gestão A3 como a ferramenta gerencial mais importante em torno da qual se consegue resolver problemas buscando a causa raiz, estimulando as pessoas a pensar, ter iniciativa e assumir responsabilidades, ao mesmo tempo em que ajuda a criar consensos e convergências em torno de planos de ação envolvendo varias áreas e pessoas. Com isso, desenvolvem-se pessoas capazes de refletir e analisar com profundidade os problemas e projetar as soluções ou contramedidas adequadas.

Desde o seu lançamento nos EUA no inicio de Outubro, tem despertado um enorme interesse, constituindo-se no maior volume de vendas nos primeiros meses de uma publicação do LEI, com cerca de 7.000 unidades vendidas em menos de dois meses. Há varias excelentes resenhas da Comunidade lean norte-americana. Acreditamos que o mesmo impacto causado pela publicação do “Aprendendo a Enxergar”, também de John Shook, ao apresentar a ferramenta do mapeamento do fluxo de valor, poderá ser repetido agora.

Nos próximos anos, vamos nos concentrar cada vez mais no desenvolvimento do novo sistema de gestão, desvendando-o e traduzindo-o, em formas simples e práticas, os elementos menos visíveis do Sistema Lean, um sistema vivo que requer constante cuidado em uma jornada que nunca acaba.

José Roberto Ferro
Presidente
Lean Institute Brasil

PS1. Nossos agradecimentos a todos que nos ajudaram nestes 10 anos. São tantos os nomes das pessoas e empresas que não caberiam neste espaço.

PS2. A agenda de Workshops 2009 com 19 temas foi concebida de forma a atender melhor as distintas regiões do país (Sul, Sudeste, Nordeste e Norte). Com isso, esperamos facilitar o acesso aos treinamentos e ajudar a reduzir os custos de viagem.

Fonte: Lean Institute Brasil
Publicado em 01/11/2008

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