ESTRATÉGIA E GESTÃO

Qualidade na fonte

No artigo sobre Jidoka, apresentado na minha coluna , havia mencionado que iríamos trocar idéias a respeito de Qualidade na fonte. Antes porém, vamos pensar em conjunto a respeito do que venha a ser qualidade.

O que qualidade significa para nós?  Na filosofia lean, a qualidade é um dos atributos do valor – valor este, do ponto de vista do cliente, que constitui no primeiro princípio que norteia toda a filosofia da mentalidade enxuta.

Mas então o que é essa qualidade?
Para ser prático, vamos considerar aqui, o atributo de um bem material para se ter um entendimento mais  imediato e que esteja inserido num contesto de fabricação (pois vale também para serviços e pessoas).

Vejamos; ao fabricar uma peça, diz-se que ela atende o aspecto qualitativo desde que esteja conforme com  todas as especificações técnicas sejam elas da composição do material e também nos aspectos dimensionais e funcionais. Essas especificações técnicas são o que definem as características físico-químico-funcionais da peça. Mas, será que o cliente tem conhecimento de tudo isso? Aqui está a grande questão.  O cliente final,  usuário do produto pode não ser tão crítico a tal ponto de exigir essa qualificação desde o início. Mas ao decorrer do uso irá notar a diferença entre o que é bom do ruim. Essa percepção do que é bom do ruim determinada pela sensibilidade dos consumidores/ usuários comuns é que define o destino e a vida do produto e obviamente da empresa que o produz. Por isso a importância desse atributo que denominamos qualidade. Tudo isto de um lado.

Por outro lado temos o outro cliente que é interno no sistema produtivo, isto é o processo posterior. Em uma linha de fabricação, normalmente, o produto  passa por diversas etapas até ficar pronto para o uso do cliente final. Nessa sucessão de etapas encontra-se a relação fornecedor/ cliente em cadeia. O processo anterior é o  fornecedor e o processo posterior o cliente. Uma das máximas da filosofia enxuta quando se refere à qualidade é de que quem faz a qualidade é quem  produz, isto é o colaborador que está com a mão na massa e não o inspetor que está logo adiante inspecionando.  Quando o produto ou a peça chegar no inspetor à ação da produção já está realizada. O inspetor então tem a incumbência de certificar que o produto não conforme não vá parar na mão do cliente final, pois se isso acontecer o dano causado é muito maior, com grandes prejuízos para a empresa. E essa ação do inspetor de somente inspecionar é um grande desperdício, pois do ponto de vista do cliente   nenhuma agregação de valor é realizada.

Aqui então cabe uma reflexão. Fazer e garantir a qualidade dentro do processo, isto é na fonte e não passar para o processo seguinte/ cliente peças com defeito ou fora de especificação. A busca incessante dessa maneira de pensar e fazer as coisas é que leva a empresa ao  patamar de classe mundial de excelência.

Não é  simples conduzir esse modo de pensar, toda e qualquer não conformidade tem uma causa, portanto aplicando o básico do Jidoka de parar a produção quando houver qualquer anormalidade e solucionar o problema na  raiz é o que todos devem fazer. Só solucionar o problema não é suficiente . Estabelecer contramedidas para evitar a repetição desse problema e quando possível elaborar e colocar o dispositivo poka yoke, pois procedendo dessa maneira, mesmo que alguém queira fazer errado o poka yoke não permite garantindo a qualidade na fonte. No próximo artigo vamos trocar idéias sobre custo.

Publicado em 30/07/2009

Planet Lean - The Lean Global Networdk Journal