No desenvolvimento de produtos, muitas pessoas trabalham nos mesmos dados ao mesmo tempo. E
há muitos trade-offs em interfaces no trabalho de design. Quando não
temos essas coisas sincronizadas, muitas vezes trabalhamos com dados instáveis.
Começamos a trabalhar e depois temos que retrabalhar à medida que
avançamos. E isso gera atrasos no projeto. Mas, francamente, isso também gera
mais frustração para os membros da equipe. Ninguém gosta de refazer um
trabalho.
Portanto, o mapeamento do fluxo de valor (MFV) no desenvolvimento de produtos tem sido uma
técnica útil para ajudar as equipes a realmente enxergarem como fazem seu
trabalho e como seu trabalho se encaixa. E ao verem como seu trabalho se encaixa, elas
também enxergam oportunidades de como podem melhorá-lo. O MFV foi
originalmente criado por John Shook e Mike Rother no livro “Aprendendo a
Enxergar” há muitos anos, e o objetivo, independentemente de você estar
criando um produto, um serviço ou um processo, é tentar criar valor para seus
clientes.
Nesse sentido, o mapa do fluxo de valor no desenvolvimento de produtos nos ajuda a visualizar
onde esse valor está sendo criado e também onde estamos sendo impedidos de
criar esse valor como equipe e em nosso trabalho individual.
Portanto, estes são os principais componentes do mapeamento do fluxo de valor no
desenvolvimento de produtos, começando pelo estado atual: Onde estamos hoje? O que
está acontecendo? Onde estão os desafios? O estado futuro, onde queremos estar
no futuro, elimina alguns desses desperdícios e
pontos problemáticos (artigo em inglês). Então, para chegar
lá, a parte mais importante é ter um plano de ação para passar
do estado atual para o estado futuro.
O mapa do estado atual
O mapa do estado atual é o ponto de partida do processo de mapeamento do fluxo de
valor no desenvolvimento de produtos. Antes de podermos fazer qualquer melhoria, todos
nós precisamos de um entendimento comum de como estamos fazendo o trabalho hoje.
Conforme começamos a ver como o trabalho está sendo feito, compartilhar e
comparar, começamos a ver como tudo se encaixa. Quando começamos a ver isso se
unindo, começamos a entender onde o valor é criado.
Como dissemos, o desenvolvimento de produtos é um esporte em equipe. Você
verá que existem vários corredores em seus mapas de fluxo de valor. Todos
precisam ter um local para expor seus trabalhos. Cada linha representa uma pessoa diferente
ou um grupo diferente e como eles estão contribuindo com o valor para o produto ou
serviço específico que está sendo entregue e projetado. Quando olhamos
para o topo, as equipes seguem uma linha do tempo. Precisamos entender não apenas o
que a equipe está fazendo e que tipo de trabalho está fazendo, mas
também quando isso está acontecendo.
O tempo é um elemento muito importante, e precisamos entender onde esse trabalho
está acontecendo fora do planejado. Geralmente, você precisa de um
pedaço de papel bem grande ou de uma parede grande, porque há uma escala de
tempo muito maior. Na manufatura, usamos um cronômetro; no desenvolvimento de
produtos, usamos um calendário em termos de medidas. Portanto, a escala de tempo
é drasticamente diferente, assim como o número de atores.
Temos caixas de processo, que são os quadrados. Também temos pontos de atraso,
que geralmente são representados por triângulos. E, claro, temos
conexões entre os diferentes grupos.
Acho que nos mapas de fluxo de valor no desenvolvimento de produtos, você verá
que há muitas interdependências, e mostrar essas interdependências
realmente será a maneira de ajudar a sincronizar esse trabalho ou ver onde ele
não está sendo sincronizado.
A última parte que você verá são diamantes. Os diamantes
são aspectos muito importantes no desenvolvimento de produtos porque, ao longo do
projeto, existem eventos críticos durante os quais reunimos conhecimento, integramos
o trabalho e tomamos decisões. Esses diamantes são lugares importantes para
enxergar aonde esse valor está chegando.
O mapa que você vê aqui é de uma empresa que projeta e fabrica
equipamentos de alta precisão. Em seu estado atual, eles levavam 27 meses para
colocar um produto no mercado. A equipe de projeto que desenha o produto de próxima
geração teve o desafio de reduzir significativamente esse tempo para atender
às necessidades de seus clientes e ficar à frente da concorrência. Ao
visualizar o estado atual, a equipe foi capaz de identificar áreas onde eles poderiam
melhorar o processo e acelerar o tempo de lançamento no mercado.
Quando você monta um mapa do estado atual, outra coisa que acontece é que
você começa a enxergar os pontos problemáticos. Aqui estão alguns
pontos
problemáticos, ou desperdícios, se preferir (artigo em inglês),
normalmente encontrados ao mapear o estado atual, que impede as equipes de criar valor.
À medida que mapeamos, também começamos a entender realmente onde esses
pontos fracos estão se escondendo, quão grandes eles são e, o mais
importante, como eles afetam não apenas uma pessoa, mas a equipe em geral.
O desenvolvimento de produtos não é um programa individual. De muitas maneiras,
toda a empresa está interconectada para criar aquele fluxo de valor futuro para o
cliente. Então, realmente temos que ter essas perspectivas diferentes para entender
qual é o estado atual. Quando começamos a reunir esses grupos, também
começamos a ter, acredito, um pouco mais de empatia pelo que cada um precisa. Essa
empatia nos permite trabalhar juntos para tentar encontrar soluções e ajudar
uns aos outros a trabalhar de forma mais eficaz.
O mapa do estado futuro
O estado futuro é realmente uma visão de onde queremos chegar com nosso sistema
de desenvolvimento de produtos. Ele foi projetado para tentar reunir o talento das pessoas e
ajudá-las a criar valor da maneira mais eficaz possível. Voltando ao exemplo
anterior, a equipe do projeto criou seu estado futuro incorporando algumas das
práticas do Desenvolvimento Lean de Produtos e Processos (LPPD) para lidar com seus
pontos problemáticos identificados em seu estado atual. Como resultado, eles
conseguiram reduzir o tempo de desenvolvimento de 27 para 15 meses.
O mapa do estado futuro obviamente será diferente para cada organização.
Cada organização tem criação de valor diferente, clientes
diferentes e desafios diferentes. Então, quando falamos sobre o que é um bom
estado futuro, isso realmente está nos olhos de quem vê, mas dito isso, no
desenvolvimento de produtos e processos lean, temos alguns
princípios orientadores (artigo em inglês) para ajudá-lo quando
você estiver começando essa jornada. Os conceitos e princípios
são bastante simples, mas colocá-los em prática às vezes
é muito desafiador.
Ao percorrer o estado futuro, na verdade criamos um cenário em que as pessoas
têm a visão de como usarão esses princípios para atacar os
desafios e o desperdício que têm em seus processos. E, francamente, isto
é um fato: alguns desafios surgirão. Algumas surpresas vão acontecer. E
você quer ter a certeza de que vai conseguir se ajustar a essas
situações, mas também se manter fiel ao seu curso. E esse estado futuro
é um grande ponto de ancoragem.
O plano de implementação
Conforme você cria seu estado futuro, ele não responde a todas as perguntas.
Isso apenas lhe dá uma direção. A implementação é
onde você faz testes. Precisamos mudar o processo em direção ao estado
futuro. Haverá desafios ao longo do caminho. Você precisará fazer
vários ciclos de aprendizagem e executar experimentos. O estado futuro, de muitas
maneiras, é uma hipótese; deve ser baseado em alguma realidade e
aceitação da equipe. Mas deve ser agressivo o suficiente para que realmente
nos desafie sobre como podemos melhorar para entregar esse valor aos nossos clientes.
Outra coisa a se considerar é que o estado futuro não é algo fixo.
Conforme você começa a avançar, você provavelmente verá
algumas oportunidades de ir para um estado futuro diferente, e não há
problemas nisso. Mas, como equipe, é muito importante que você tenha um bom
plano de implementação alinhado e aplicado ao projeto em que está
trabalhando.
Essa é uma das coisas que são únicas em termos de
implementação para nós, do desenvolvimento de produtos, pois estamos
projetando um futuro produto ou serviço e, ao mesmo tempo, melhorando a maneira como
fazemos esse processo. Portanto, de várias maneiras, você está
trabalhando na ferrovia ao mesmo tempo em que o trem desce pelos trilhos. E isso faz parte
do processo de melhoria, mas é muito, muito importante ter um bom plano de jogo,
porque depois de criar seu estado futuro, todos voltarão ao trabalho. Portanto,
precisamos ter a certeza de que temos ações de melhoria embutidas em nosso
projeto.
O mapeamento do fluxo de valor no desenvolvimento de produtos é uma técnica
universal. Pode se aplicar a praticamente qualquer setor, seja um produto, um
serviço, hardware ou software. Já vi isso sendo aplicado a tudo, desde
processos muito simples de desenvolvimento de um rodo até um avião e qualquer
coisa no meio.
Minha esperança mais sincera é que você possa usar essa metodologia para
fazer suas equipes conversarem entre si, ver como seu trabalho se encaixa no quadro geral e
obter esse entendimento mútuo – e ver onde podemos ajudar uns aos outros para
eliminar os pontos problemáticos ou desperdícios que ocorrem todos os dias,
para que possamos liberar o tempo de nosso pessoal para trabalhar nesses elementos realmente
importantes de criação de valor e enfrentar os desafios que temos em nossas
organizações e na sociedade em geral.
Para assistir ao vídeo original (em inglês) do autor, clique aqui.