Este ano está se configurando como particularmente difícil e vai requerer um esforço extra e substancial das empresas durante sua travessia.

Todo início de ano é quase sempre marcado pela diminuição no nível de negócios. Porém, nesse ano, em particular, essa situação tem se agravado, pois as empresas têm sido “assaltadas” por aumentos de impostos de todos os lados, juros ainda mais altos, câmbio instável, custos de insumos importantes como energia e água subindo muito acima da inflação e que, além disso, ameaçam se tornar escassos em algumas regiões do país.

Junte-se a isso uma redução do nível de negócios para muitos setores que promete, assim como em 2014, mais um ano de economia estagnada, apontando, dessa forma, para um período de muitas dificuldades e que poderá ser particularmente desafiador.

O que fazer, então?

Para uma empresa lean, esse contexto de dificuldades sempre faz parte da definição da realidade. Por isso que um pensamento básico comum predominante é o “evitar o pensamento positivo” ou “não adotar a ideia de que tudo vai dar certo”.

Ao contrário, prevalece o espirito de constante desafio e preocupação permanente. A empresa lean sempre vê o futuro com muita apreensão e cautela. Sempre se está preparado para o pior. E o pior acaba ocorrendo com mais frequência do que gostaríamos.

Mas não se trata de um joguinho psicológico para motivar ou engajar as pessoas, como se poderia pensar. Existe uma premissa essencial baseada em fatos e números. E não algo apenas desse ano. Há uma tendência inexorável que faz com que os custos das empresas estejam sempre aumentando!

Senão vejamos apenas alguns dos itens da maior importância:

Custos de pessoal: Sua participação no total de custos varia de acordo com cada tipo de empresa e processo produtivo. Mas é fato que se a política da empresa for de reter o pessoal, os custos sempre aumentarão até mesmo porque as pessoas ficam mais velhas e esperarão algum tipo de ganho de remuneração. Os custos trabalhistas em geral aumentam com ações na justiça, afastamentos etc.

Custos de máquinas e equipamentos: O desgaste causado pelo uso das máquinas e equipamentos faz com que eles se depreciem ao longo do tempo, requerendo esforços adicionais para manter os níveis de eficácia operacional. Assim, com o tempo esses custos aumentam.

Custos dos insumos: Como as empresas fornecedoras também sofrem os mesmos impactos e pressões sobre seus custos, há uma tendência para tentar repassar para os clientes o aumento das despesas.

Em mercados estagnados ou em declínio, a possibilidade de repassar esses custos crescentes para aumentos de preços para os clientes é remota. Assim, o que fazer?

Primeiro e mais óbvio é a redução de custos. Em uma empresa lean, essa não é uma preocupação que decorre apenas desse cenário atual. Trata-se de uma busca constante e motivo de ações concretas e melhorias permanentes exatamente para lutar contra a tendência inevitável do aumento dos custos. Kaizen todo o dia por todos!

O momento atual, específico, calibra porém as necessidades. Nesse cenário mais difícil o esforço deve ser, então, ainda maior. E sempre há oportunidades de melhorias, pois sempre há desperdícios em qualquer empresa.

Mas há outro lado que deve também ser abordado, ou seja, o lado do faturamento, das vendas e da demanda.

Uma empresa lean procura sempre trabalhar com níveis de produção e vendas próximos da capacidade. Isso evita ociosidade que onera custos e que pesa no caixa pelos investimentos desnecessários.

Nesse sentido, mudanças no mix de produtos junto com excelentes níveis de qualidade nos produtos e serviços ajudam não apenas a manter fiéis os clientes atuais como possibilitam atrair clientes de concorrentes. E assim permitem aumentar o faturamento sem onerar os custos.

Enfrente o difícil ano de 2015 com o aprofundamento da gestão lean. A começar com um claro entendimento do impacto que o ambiente macroeconômico negativo vai ter sobre seus negócios. E também defina o elenco de ações que será necessário implementar para sobreviver e prosperar nesse cenário desafiador.

José Roberto Ferro
Presidente
Lean Institute Brasil

PS1.Flavio Picchi, Vice-Presidente do LIB, vai alternar comigo a redação dos leanmails neste ano. Será enviado mensalmente na primeira semana de cada mês.

PS2. Para ajudar você nesse cenário difícil, veja o “Calendário de treinamento 2015 ” com os seguintes novos temas; “Introdução ao lean na saúde” e “Fazendo a pergunta certa”. Permitirão a você aprender os conceitos, ferramentas e técnicas que vão ajudar nesse momento difícil.Este semestre o LIB oferecerá o Programa Prático de Formação Lean, com duas turmas planejadas e com alvos de aplicação em ambientes distintos, um para “Indústria e Serviços” e outro para “Saúde”.

PS3. Realizaremos os seguintes eventos em 2015: o “II Fórum Rio”, dias 24 e 25 de junho, com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). E, ainda com data a definir, o “Fórum Campinas”, o ”Seminário Lean TI” e o “Lean Summit Saúde”. Aguardem detalhes da programação. Nesses eventos você ouvirá diretamente das empresas o que elas estão fazendo para não apenas sobreviver, mas prosperar neste hostil ambiente macro.

PS4. Estamos preparando os lançamentos de edições em português dos livros “Lead with respect” (Liderar com respeito), de Fred e Michael Ballé, para março, e “Beyond heroes”, de Kim Barnas, para outubro.