SAÚDE
5 Princípios Norteadores para Transformar a Área da Saúde
Flávio Battaglia, Denise Bennett, Vyacheslav Boltrukevich, Oriol Cuatrecasas, Cristina Fontcuberta, Alice Lee, Carlos Frederico Pinto, Roberto Priolo e John Shook
Grupo de pesquisa da LGN se reuniu para coletar dados e formulou cinco princípios básicos para uma transformação lean de sucesso em organizações de saúde
Lean na Área da Saúde
O termo “lean” foi introduzido pela primeira vez em 1988 por John Krafcik1, à época estudante de pós-graduação no MIT trabalhando com Jim Womack e Dan Jones na pesquisa do International Motor Vehicle Program2, que, eventualmente, levou à publicação do livro “A Máquina que Mudou o Mundo”3. Conforme mais organizações e indústrias foram expostas ao potencial do pensamento lean, tornou-se mais claro que seus ensinamentos não se aplicavam
somente à manufatura. Conforme entramos no novo milênio, o lean chegou na área da saúde melhorando
os
fluxos
de pacientes, reduzindo a duração da permanência e melhorando a qualidade do cuidado. Hoje, há
exemplos
de
sucesso da aplicação do lean na área da saúde por todo o globo, com mais hospitais se juntando a
esses
esforços a cada ano. Uma pesquisa recente feita pela UC Berkeley envolveu mais de mil hospitais, dos
quais
dois terços estavam envolvidos com a implementação lean (e abordagens similares, como o lean seis
sigma
ou
melhoria
de processos)
com muitas conquistas em desempenho reportadas, como engajamento dos colaboradores, maior capacidade
de
atendimento
no departamento de emergência ou redução dos gastos. Uma análise comparativa das medidas de
qualidade
(antes/depois
do lean) também descobriu uma redução na taxa de readmissão não planejada dentro de 30 dias; na taxa
de
mortalidade
para pacientes cirúrgicos com condições críticas (Z score); nos gastos e consequente aumento das
margens
operacionais4.
A Lean Global Network (LGN) apoia dezenas de transformações lean na área da saúde. Cinco dos autores
estavam diretamente envolvidos em algumas das transformações lean iniciais na área da saúde em seus
respectivos países, como agentes internos da mudança — na Beth Israel Deaconess Medical Center
(EUA),
Flinders Medical Centre (Austrália) e Instituto de Oncologia do Vale (Brasil) — ou agindo como
apoiadores
externos a organizações pioneiras — no Instituto Lean Management (Espanha) e no Lean Institute
Brasil
(Brasil).
PROJETANDO NOSSA
INICIATIVA
Frequentemente, uma organização da área da saúde pode levar uma década
para desenvolver e sustentar as
capacidades necessárias para a transformação lean. Essas capacidades são basicamente associadas às
habilidades de solução de problemas em diferentes níveis da organização e à habilidade de remodelar
os
sistemas de gestão e o comportamento da liderança.
Acreditamos que “dez anos” é muito tempo, especialmente se considerarmos os problemas urgentes que a
indústria enfrenta hoje: danos ao paciente, população em envelhecimento, orçamentos apertados e um
aumento
nas doenças crônicas. E se considerarmos que apenas uma pequena fração dos hospitais do mundo está
praticando o lean e muitos estão apenas iniciando suas jornadas, o trabalho à frente parece ainda
mais
desafiador.
Em setembro de 2015, a LGN designou um grupo de trabalho lean para área da saúde (LHI — Lean
Healthcare
Initiative) para reunir e analisar dados e avançar a partir das descobertas na identificação de
“princípios
norteadores” críticos que uma organização da área da saúde deve considerar a fim de reduzir o tempo
de
que
precisa para desenvolver as capacidades necessárias e sustentar a transformação lean. O grupo de
trabalho
representa cinco institutos da LGN: EUA, Brasil, Espanha, Rússia e Austrália.
OS CINCO PRINCÍPIOS NORTEADORES
1. NÃO ESPERE PELO CEO
2. QUAL É SEU PRÓXIMO PASSO? E POR QUÊ?
3. APROPRIE-SE DO PROBLEMA
4. CONHECIMENTO CERTO PARA AS PESSOAS CERTAS NA HORA CERTA
5. POLINIZAÇÃO CRUZADA
A amostra exploratória inclui oito organizações: [1] Beth Israel Deaconess Medical Center (EUA), [2]
Lynn
Community Health Center (EUA) e [3] Stanford Children’s Health (EUA), [4] Hospital São Camilo
(Brasil) e
[5]
Instituto de Oncologia do Vale (Brasil), [6] Consorci Sanitari del Garraf (Espanha), [7] Bud’ Zdorov
(Rússia) e [8] Flinders Medical Centre (Austrália). As organizações variam de grandes hospitais
escolas
nos
Estados Unidos a pequenas práticas em um país em desenvolvimento. Há uma mistura de práticas
privadas e
organizações públicas na Europa e na Austrália.
O LTF foi introduzido em 2015 pelo Lean Enterprise Institute (LEI) como uma estrutura heurística para
a
transformação lean. É uma abordagem situacional à mudança, conectando as dimensões-chaves de
transformar
e sustentar — os pilares da “casa LTF”. Os elementos são associados com um conjunto de questões
específicas orientadas para a ação.
O método de estudo empregou uma análise aprofundada de cada iniciativa lean ao longo do tempo (cada
uma
em um ponto diferente e caracterizada por diferentes condições iniciais), com base nas cinco
dimensões
da
Lean Transformation Framework — LTF5.
Perguntas da Lean Transformation Framework7
1. Qual é o propósito da mudança — qual é o norte verdadeiro e o
valor que estamos entregando, ou simplesmente: qual problema estamos tentando resolver?
2. Como estamos melhorando o trabalho real?
3. Como estamos construindo capacidade?
4. Quais comportamentos de liderança e sistemas de gestão são
necessários para apoiar essa nova forma de trabalho?
5. Qual pensamento básico, mentalidade ou pressupostos
compreendem a
atual cultura e estão liderando essa transformação?
O ESTUDO FOI ORGANIZADO EM CINCO ESTÁGIOS:
1) Entender a história e as condições atuais de
iniciativas lean relevantes em diferentes países indo a
estudos de gemba6
juntos em hospitais nos Estados
Unidos, na Espanha e no Brasil.
2) Reunir fatos e dados de oito organizações da
área
da saúde (de cinco
países diferentes, todos praticando o lean por pelo menos três anos) explorando as perguntas para cada
uma das cinco dimensões da LTF.
3) Estruturar nossas descobertas e desenhar uma
estrutura a partir dos múltiplos casos, comparando-os e
especificando as principais forças para o sucesso (e para o fracasso).
4) Identificar características transformacionais
críticas diretamente associadas ao desenvolvimento de
capacidades lean nos diferentes níveis das organizações.
5) Resumir nosso conhecimento atual em cinco
“princípios orientadores” que uma organização da área da
saúde deve considerar para reduzir o tempo necessário para desenvolver uma capacidade lean
sustentável.
“As perguntas da LEAN TRANSFORMATION FRAMEWORK são
fractais — o que quer dizer que as mesmas perguntas se aplicam tanto no
nível macro empresarial quanto no nível de responsabilidade individual
conforme você vai progressivamente mais a fundo em cada dimensão. Mas,
enquanto modelo de transformação que emergiu por anos de experiência é
situacional, a natureza das perguntas representa um ponto de vista
claro: se uma organização não conseguir responder todas as perguntas,
com uma noção de como cada uma se relaciona às outras, a transformação
sofrerá para manter seu momentum”.7
TABELA: CARACTERÍSTICAS DAS
ORGANIZAÇÕES NO ESTUDO
Organização |
Beth Israel Deaconess Medical Center |
País: EUA
Atividade: Hospital Escola
Tamanho: 673 leitos 8.000 + colaboradores
Experiência Lean: 14 anos
|
Organização |
Lynn Community Health Center |
País: EUA
Atividade: Centro Comunitário de Saúde
Tamanho: 40.000 pacientes atendidos por ano 650 colaboradores
Experiência Lean: 4 anos
|
Organização |
Stanford Children’s Health |
País: EUA
Atividade: Hospital Geral
Tamanho: 361 leitos 3.200 + colaboradores
Experiência Lean: 8 anos
|
Organização |
Hospital São Camilo |
País: Brasil
Atividade: Hospital Geral
Tamanho: 760 leitos (3 unidades) 5.000 + colaboradores
Experiência Lean: 6 anos
|
Organização |
Instituto de Oncologia do Vale |
País: Brasil
Atividade: Centro Ambulatorial de Câncer
Tamanho: 30.000 pacientes atendidos por ano 220 + colaboradores
Experiência Lean: 8 anos
|
Organização |
Consorci Sanitari del Garraf |
País: Espanha
Atividade: Hospital Geral
Tamanho: 433 leitos 2.500+ colaboradores
Experiência Lean: 8 anos
|
Organização |
MedHolding |
País: Rússia
Atividade: Hospital Geral
Tamanho: 100.000 pacientes atendidos por ano 1.700+ colaboradores
Experiência Lean: 3 anos
|
Organização |
Flinders Medical Centre |
País: Austrália
Atividade: Hospital Escola
Tamanho: 593 leitos 5.000+ colaboradores
Experiência Lean: 14 anos
|
Organização |
País |
Atividade |
Tamanho |
Experiência Lean |
Beth Israel Deaconess Medical Center |
EUA |
Hospital Escola |
673 leitos 8.000 + colaboradores |
14 anos |
Lynn Community Health Center |
EUA |
Centro Comunitário de Saúde |
40.000 pacientes atendidos por ano 650 colaboradores
|
4 anos |
Stanford Children’s Health |
EUA |
Hospital Geral |
361 leitos 3.200 + colaboradores |
8 anos |
Hospital São Camilo |
Brasil |
Hospital Geral |
760 leitos (3 unidades) 5.000 + colaboradores |
6 anos |
Instituto de Oncologia do Vale |
Brasil |
Centro Ambulatorial de Câncer |
30.000 pacientes atendidos por ano 220 +
colaboradores
|
8 anos |
Consorci Sanitari del Garraf |
Espanha |
Hospital Geral |
433 leitos 2.500+ colaboradores |
8 anos |
MedHolding |
Rússia |
Hospital Geral |
100.000 pacientes atendidos por ano 1.700+
colaboradores
|
3 anos |
Flinders Medical Centre |
Austrália |
Hospital Escola |
593 leitos 5.000+ colaboradores |
14 anos |
AS DESCOBERTAS ATÉ
ENTÃO
O propósito da LHI é transformar a área da saúde através do pensamento e
da prática lean. O longo tempo
de
que uma organização da área da saúde precisa para desenvolver capacidades lean sustentáveis não é
aceitável.
Os “princípios norteadores” são uma tentativa de organizar e comunicar nossos pensamentos e
aprendizados
enquanto estudamos, comparamos e analisamos as jornadas lean. A intenção é elucidar importantes
características que as organizações de saúde e os praticantes lean devem considerar enquanto tentam
transformar suas realidades de trabalho usando o pensamento e a prática lean. Aqui está o que
consideramos a essência do que aprendemos coletivamente, apresentados como os cinco “princípios
norteadores” que você pode começar a usar hoje para alcançar uma virada lean mais rápida e
sustentável.
NÃO ESPERE PELO
CEO
Dados do American College of Healthcare Executives mostram que o nível de
turnover anual registrado em
2017
está entre os maiores dentre os calculados nas últimas duas décadas, cerca de 18%8. Em comparação, o turnover de CEO da área da saúde é seis vezes
maior
do que na indústria de seguros e duas vezes maior do que no varejo9. Então, não podemos depender do CEO para liderar uma
transformação
todas as vezes. Observamos turnover de CEOs em mais da metade dos oito casos estudados, o
que
poderia ser um fator de disrupção dos esforços lean.
Os CEO têm responsabilidades por toda a organização. Pode ser difícil chamar a atenção do CEO. O que
percebemos ao estudar as oito iniciativas mencionadas acima é que, enquanto ter um CEO engajado é
extremamente benéfico para o médio e longo prazo, começar uma transformação é algo que pode ser
feito
sem o
envolvimento direto do líder mais sênior da organização10. Na verdade, uma transformação pode ser iniciada em
diferentes níveis de uma organização (em um departamento ou em uma equipe de enfermagem) e começar
com o
mais simples dos experimentos11. Em nossa
experiência, envolver os principais médicos ou outros líderes clínicos no início é uma
estratégia-chave,
pois eles têm múltiplas funções e entendem o trabalho, têm forte influência nas equipes e nos
líderes,
entendem o processo científico e são uma força de trabalho estável. Também é crucial garantir que os
gerentes da área tenham um papel de liderança na transformação lean, já que as mudanças necessárias
influenciarão muito seu trabalho e de suas equipes12.
Essa abordagem pode ajudar a mitigar o desafio do
turnover de CEO e da distração.
Em um grande hospital público de Barcelona, o empurrão inicial para o lean veio dos entusiasmados
gerentes
de área do departamento de emergência (o médico chefe e a enfermeira chefe). Após treinamento e
coaching,
eles trabalharam com as equipes para fazer vários projetos piloto. Alguns meses depois, todo o
departamento
estava funcionando com sucesso sob o sistema lean. Apenas nesse momento, foi que o CEo percebeu o
que o
departamento havia conquistado. Ele, então, encorajou outras partes do hospital a seguir o exemplo.
Refletindo sobre nossos estudos, concordamos que é preferível ter um CEO apoiador; entretanto, um CEO
neutro também pode funcionar se os médicos e outros líderes estiverem visivelmente engajados. O que
não
funcionará é um CEO que parece negativo ou que ativamente interrompe o progresso. Se o CEO for
mantido
informado sobre o progresso e os resultados, ele ou ela provavelmente se tornará mais apoiador(a)
conforme
os problemas antigos são atacados e os fluxos de valor são melhorados. Conforme os benefícios do
lean se
tornam mais claros e os primeiros resultados aparecem, a maioria dos CEO tende a se envolver mais
gradualmente. Mas não há necessidade de esperar por eles para começar os esforços. Você pode começar
uma
transformação se o seu CEO for indiferente, apoiador, mas não envolvido, engajado ou até liderando
os
esforços, mas será muito difícil se ele ou ela for negativo(a) sobre isso.
Não é incomum em uma organização que está iniciando seus esforços lean ter o trabalho delegado pelo
CEO a
um gerente/líder lean. Em mais de um exemplo, descobrimos que esse era o caso — um CEO apoiador que
não
estava liderando pessoalmente o trabalho de transformação. Esses arquitetos-chefe não podem esperar
que
o CEO lidere a transformação, mas encontram formas de causar mudanças sem sua participação direta.
Alguém deve liderar a transformação lean. E essa é a pessoa que assume uma grande responsabilidade
por
progredir, difundir e aprofundar a transformação e que pensa sobre qual deve ser o próximo passo.
Chamamos
esse papel de Arquiteto-Chefe (AC)13. No
início, quando há capacidade interna limitada, o papel do AC pode ser coberto por um coach
externo, que
trabalhará para desenvolver um AC interno, que, por sua vez, será capaz de guiar a transformação a
partir
daí. O AC pode ser um líder chave de dentro da organização — poder ter sido ideia dele tentar uma
abordagem
lean — ou pode emergir de dentro da organização durante a transformação.
Em um mundo ideal, não precisamos de um AC formal, mas, no início da transformação, a organização
precisa
de conhecimento e experiência. Isso torna o AC uma pessoa da qual uma transformação recém-iniciada
não
pode prescindir. A efetividade de um coach externo depende inteiramente do que acontece depois que
ele
ou ela sair: uma pessoa de fora não conquistará muito, a menos que ele ou ela desafie as pessoas a
quebrar as barreiras, criar soluções de maneira autônoma para os problemas e ativamente sugerir
melhorias.
QUAL É SEU PRÓXIMO PASSO? E POR QUÊ?
Se você está tentando identificar seu primeiro passo ou simplesmente
entender qual deve ser o próximo
passo, você deve sempre buscar focar em uma necessidade urgente14.
Ao começar uma transformação, você precisa entender o que é importante para seu CEO, seu conselho e a
organização como um todo. Que problemas parecem ser mais urgentes? Em quais preocupações quanto à
segurança
a organização deve focar? Com o que os pacientes se importam? Depois que você criou um ponto focal
para
o
esforço de melhoria, todos podem remar na mesma direção. Exemplos que funcionam geram interesse. Com
experimentos significativos, as pessoas seguirão15.
“Gosto que daquela melhoria no fluxo de paciente do
departamento de cirurgia. Preciso aprender como melhorar o fluxo no meu departamento… você pode me
ajudar?”.
Se você não souber por onde começar, descobrimos que simplesmente focar em transformar caos em
estabilidade
pode ser de grande ajuda. Torne a jornada do paciente e o trabalho visível e você verá uma melhoria
significativa.
Em uma clínica dos Estados Unidos, a jornada do paciente era caracterizada por esperas em todas as
etapas. A equipe da linha de frente focou na pergunta “Por que nossos pacientes esperam?”. Eles
tornaram
a jornada do paciente visível para entendê-la. Então, identificaram e aplicaram possíveis soluções,
informadas pelo que tinham observado. Após isso, pouquíssimos pacientes esperavam mais de cinco
minutos.
Simplesmente focar em criar mais estabilidade deu à equipe a confiança de que precisavam para criar
uma
melhor experiência para o paciente e aumentou o número de pacientes que poderiam ser atendidos.
Quando ocasionamos mudanças por meio do lean, criamos novos conhecimentos. Uma lição muito importante
que
aprendemos durante os anos é que você não pode deixar o lean “funcionando sozinho” e esperar que ele
se
sustente. A razão para isso é que cada situação é diferente, cada departamento passa por problemas
diferentes, e cada pessoa percebe esses problemas de uma forma diferente. Você pode ser inspirado
por
uma
solução externa, mas não pode simplesmente jogá-la em um contexto diferente no qual não seja
relevante.
Outro efeito negativo de tal comportamento é que isso priva as pessoas da habilidade de entender e
aprender
juntas. As pessoas precisam se sentir emocionalmente ligadas à transformação: elas precisam co-criar experimentos e compartilhar aprendizados, em vez de
simplesmente aplicar algo que alguém desenvolveu.
Ao darmos nosso primeiro ou próximo passo, aprendemos a importância do equilíbrio entre os elementos
sociais e técnicos do lean. Não importa se você começa tentando mudar a cultura na sua organização
(social)
ou focando em um projeto específico (técnico), desde que suas ações estejam conectadas aos problemas
reais.
APROPRIE-SE DO
PROBLEMA
Anteriormente, falamos sobre emoções, afirmamos que se as pessoas se
sentirem emocionalmente ligadas ao
problema, elas se apropriarão dele. Portanto, criar apropriação é essencial para a transformação.
Quando
você leva as pessoas a se apropriarem dos problemas, você não apenas alcança uma mudança
organizacional,
mas também transformações pessoais16.
Em uma organização lean, depois dos problemas serem identificados, os experimentos começam para
valer. É
então que precisamos fazer a transição da responsabilidade para um líder da linha de frente (pode
ser
qualquer pessoa: uma enfermeira, uma recepcionista ou um médico). O respeito pelas pessoas, um dos
dois
pilares da Toyota Way17, significa dar
independências às pessoas na equipe de melhoria. Deixe que eles tomem a responsabilidade por
identificar
e
resolver problemas e deixe que eles se sintam seguros o suficiente para que peçam ajuda quando
necessário.
No mesmo hospital de Barcelona, a iniciativa lean no departamento de emergência começou a mostrar
bons
resultados. Ao mesmo tempo, um projeto liderado por um consultor no departamento cirúrgico não
conseguiu
envolver os colaboradores da linha de frente. Seis meses mais tarde, o consultor saiu, e os poucos
resultados
alcançados não foram sustentados. Logo após, o projeto morreu rapidamente. Os gerentes seniores,
então,
se
perguntaram por que um projeto foi bem-sucedido e o outro, fracassado e identificaram o envolvimento
dos
colaboradores da linha de frente e o coaching como fatores-chaves. Eles perceberam que todo
o
hospital deveria
seguir o exemplo do departamento de emergência em sua abordagem para a transformação.
Um dos hospitais americanos que mencionamos acima tiveram a experiência de algo similar ao hospital
de
Barcelona.
Sua Arquiteta-Chefe percebeu, com o apoio de coaching externo, que ela deveria gradualmente deixar
de se
envolver, enquanto continuava auxiliando as pessoas com estrutura e orientação, até que elas se
tornassem
completamente independentes. Isso foi uma revelação para ela: ela originalmente pensava que seu
papel
era
participar de toda atividade relacionada à melhoria, mas agora ela entende que desenvolver as
pessoas é
ainda
mais importante.
Como praticantes lean, podemos influenciar muito a taxa de melhoria ao refletir e ajustar nosso
próprio
mindset e nossas próprias práticas. Às vezes, somos o problema do progresso interrompido. Em vez de
exigir
que os outros mudem, pergunte a si mesmo “o que posso fazer diferente para levar as coisas
adiante?”.
Não
subestime o valor da reflexão nos níveis individual e de equipe. Também pode ser útil procurar uma
perspectiva externa para desafiar e ampliar seu pensamento. A pergunta certa feita pela pessoa certa
na
hora
certa pode fazer uma grande diferença18.
Em uma clínica do Brasil, acredita-se que “problemas são tesouros”. A clínica tem um sistema de
alerta de
segurança que sinaliza problemas em uma base diária. No início, o escritório lean delegava problemas
e
fazia
coaching com as pessoas da linha de frente. Duas horas eram reservadas toda semana para a
solução de problemas.
Quanto mais problemas as pessoas resolviam, mais conhecimento elas adquiriam e mais confortáveis se
sentiam com
o processo. Hoje, os colaboradores são autônomos em sua habilidade de identificar, analisar e
resolver
problemas
em diferentes níveis da organização. O papel do escritório lean mudou de apropriar-se da função de
resolver
problemas para a função de mentorar solucionadores de problemas.
O CONHECIMENTO CERTO PARA A PESSOA CERTA NA HORA CERTA
A velocidade da transformação depende da nossa habilidade de desenvolver
as capacidades certas de forma
rápida e
efetiva. Mas como fazer isso? Fornecendo as informações certas para as pessoas certas na hora certa.
O
pessoal da
área da saúde é muito ocupado. Devemos dar às pessoas a quantidade certa de conhecimento de que
precisam
para
resolver seus problemas. Não sobrecarregue as pessoas bombardeando-as com conhecimentos que elas não
têm
ainda como
usar. Em vez disso, espere até que elas precisem deles. Quando você aprende algo e aplica da forma
certa, você
lembra.
Em outro hospital do Brasil, a gestão contratou uma empresa de consultoria para fornecer treinamento
em
massa a
um grande grupo de profissionais, mas não conseguiu unir isso a um processo de coaching
regular. Isso não só
tornou o treinamento inútil, mas também enfraqueceu a transformação como um todo. Frente a uma
grande
quantidade
de informações, a realidade se tornou muito complexa para os colaboradores da linha de frente e para
média
gerência , o que acabou assustando as pessoas impedindo resultados mais expressivos.
Ao desenvolver capacidades, precisamos de uma combinação entre mindset, prática no
gemba e
ferramentas. As ferramentas sozinhas não vão mudar a cultura. A prática contínua das ferramentas e
dos
princípios
lean constrói confiança e competência ao mesmo tempo, mas a nova abordagem ao trabalho deve ser
aprendida na linha
de frente, onde o trabalho pode ser observado extensivamente e, por fim, entendido.
A aprendizagem estruturada com um coach ajudará as pessoas a construir os hábitos e
comportamentos de que
precisamos ter em nossa organização lean. Garanta que você esteja usando o método certo de ensino,
que
pode incluir
treinamentos tradicionais em sala de aula, coaching através de perguntas e,
predominantemente,
aprendizagem baseada na prática no gemba19.
Como discutido anteriormente, o envolvimento cedo dos médicos é uma estratégia-chave. Construa
relacionamentos e
confiança através do entendimento profundo de seu trabalho e de suas frustrações diárias e, então,
faça
uma parceria
com eles para melhorar a situação. Os mesmos princípios se aplicam aos líderes seniores, mas com
eles há
mais coisas
a se fazer. Ao contrário dos médicos, muitos líderes seniores estão longe do trabalho da linha de
frente. Em nossa
experiência, descobrimos que treinar os líderes sobre as bases do lean e aprender a enxergar reduz
esse
distanciamento e constrói empatia e confiança para a linha de frente. Junto a isso, aprender e
praticar
o pensamento
A3 reduzirá a propensão a fornecer soluções a problemas que eles não entendem.
Em vários hospitais que observamos na Austrália e nos Estados Unidos, a melhoria é agora
reconhecida como uma
competência fundamental — tão importante quanto as competências clínicas. Isso resultou no
desenvolvimento de
programas de rotação focados especificamente na melhoria do cuidado com o paciente e dos
processos clínicos.
Acreditamos que construir essa capacidade em nossa próxima geração de médicos é vital.
POLINIZAÇÃO CRUZADA
Como pensadores lean, acreditamos que o conhecimento profundo vem da
experiência prática. Entretanto,
isso é algo que não pode ser ensinado; só pode ser aprendido. Como podemos expor mais pessoas à
experiência direta e usar isso para acelerar o desenvolvimento de um Arquiteto-Chefe? A resposta é a
polinização cruzada.
Em um grande hospital australiano, os primeiros esforços de melhoria das equipes de
enfermagem
focaram em
construir duas linhas para servir de modelo — uma ambulatorial e outra cirúrgica. Com o
passar
do tempo, os
líderes da enfermagem reconheceram a necessidade de difundir as boas práticas identificadas
além
dessas áreas. A
abordagem adotada consistia em trazer quatro equipes adicionais de enfermagem para essas
linhas:
elas poderiam
escolher suas melhorias e adaptá-las a seus próprios ambientes. Em alguns exemplos, a
próxima
geração de
melhorias era subsequentemente adotada de volta nas linhas. Outro benefício dessa abordagem
era
a quebra dos
tradicionais silos organizacionais.
A polinização cruzada tem muitas faces e pode acontecer em diferentes níveis. Ela pode
acontecer
dentro de uma área,
entre áreas diferentes em um hospital, entre diferentes hospitais, entre organizações de
diferentes setores20, entre dois
praticantes
lean, entre equipes de gestão ou até
mesmo durante uma conferência ou webinar. As experiências que compartilhamos
precisam
ser contadas de uma forma
estruturada que reflita os aprendizados e as melhorias. O A3 e a ferramenta que sugerimos
que
você use como parte de
sua storytelling de polinização cruzada.
Dentro dos departamentos, a polinização cruzada apoia conversas entre colegas para atualizar
os
outros, compartilhar
melhorias e aprendizados e procurar ou oferecer mentoria, experiências e tempo, que podem
ajudar
as pessoas a
resolver os problemas mais rapidamente. Convidar as pessoas a conversar e compartilhar
também é
uma forma de lutar
contra a resistência à mudança21.
Por toda a organização, a polinização cruzada nos oferece uma plataforma para aprendermos o
que
está acontecendo e
para compartilharmos histórias de sucesso inspiradoras. Ver o avanço de outros pressiona as
equipes, encorajando-as
a atingir os prazos de seus projetos e a manter o progresso em seus próprios experimentos.
Essa
abordagem leva à
criação de “joint ventures de conhecimento” entre profissionais de diferentes áreas
que
estejam interessados em
aprender uns com os outros. Alguém que trabalha em um departamento de emergência e visita a
radiologia pode não
entender completamente o trabalho e como ele se conecta à sua realidade, até que ela aprenda
a
enxergar — geralmente
com a ajuda de seu colega — as similaridades subjacentes entre os dois processos.
No Brasil, a clínica inspirou organizações da área da saúde e outras indústrias. Uma grande
empresa de
seguros localizada em São Paulo envia um novo grupo de pessoas em uma visita à clínica todos
os
meses para
capturar o conhecimento e enxergar como a transformação lean está sendo alcançada. Isso
acontece
por meio de
caminhadas pelo gemba ou por meio de participação em eventos kaizen. A
clínica
confia na polinização cruzada
para desenvolver seu próprio pessoal: como parte de uma parceria contínua, os colaboradores
da
clínica
regularmente visitam uma planta de manufatura lean localizada na mesma cidade. Perceber as
ferramentas lean
aplicadas em um ambiente completamente diferente os ajuda a entender os princípios por trás
deles. O sistema
de alerta de segurança da clínica mencionado anteriormente foi adotado na fábrica.
A polinização cruzada também funciona em diferentes organizações e em diferentes indústrias.
Nós
incentivamos os
praticantes a se reunirem regularmente para compartilhar novos insights e refletir
sobre o progresso22.
Quando as pessoas saem de seus locais de trabalho e de suas zonas de conforto e fazem um
paralelo com o trabalho que
outros estão executando, elas entendem quão universalmente aplicáveis as ideias lean são. Na
Catalunha, por exemplo,
a polinização cruzada foi o direcionador principal por trás do desenvolvimento, em apenas
alguns
anos, de uma
brilhante comunidade lean de saúde de 12-15 hospitais.
Acreditamos que esse modelo baseado na comunidade de polinização cruzada é completamente
replicável: as pessoas se
movimentam e conversam, o que significa que disseminar a palavra é realmente mais fácil do
que
se pensa. É
fundamental que bons exemplos e resultados sejam bem documentados para compartilhamento.
RESUMO
Nosso estudo revelou diversas semelhanças entre as transformações
lean que estão acontecendo em
várias organizações
de saúde ao redor do mundo. Ao entender a história e as condições atuais das iniciativas
lean
relevantes em
diferentes países e traçar paralelos entre os vários casos, identificamos características
transformacionais
fundamentais diretamente associadas com o desenvolvimento lean de capacidades e a
sustentabilidade nos diferentes
níveis da organização. Os “princípios orientadores” é nossa tentativa de resumir e
compartilhar
nosso conhecimento
atual sobre as forças relevantes de sucesso (e fracasso) em ação durante uma iniciativa de
transformação lean de uma
organização da área da saúde. Esses “princípios orientadores” podem ajudar os praticantes
lean a
encontrar formas
mais inteligentes de construir capacidade sustentável. Nosso objetivo é reduzir o tempo e
otimizar o esforço
necessário para transformar a área da saúde através da prática e do pensamento lean.
DICAS PARA OS
ARQUITETOS-CHEFES
NÃO ESPERE PELO CEO
- Entenda com clareza qual é a posição do CEO e construa um relacionamento.
- Reporte o progresso frequentemente ao CEO.
- Você não pode fazer tudo sozinho — encontre influenciadores.
QUAL É O SEU PRÓXIMO PASSO? E POR
QUÊ?
- Alinhe a melhoria a o que é importante para a organização.
- A estabilidade vem em primeiro lugar.
- Torne o trabalho e o processo visíveis.
- Lidere por meio de perguntas.
- Equilibre seus esforços entre os aspectos social e técnico.
APROPRIE-SE DO PROBLEMA
- Os problemas são tesouros.
- Crie espaço para solução de problemas.
- Ajuste o mindset às práticas dos diferentes contextos — seja flexível.
- Crie independência nas pessoas da equipe de melhoria para que assumam responsabilidade e
fortaleçam
suas capacidades.
- Reflita, procure apoio e uma nova perspectiva quando o progresso for interrompido.
O CONHECIMENTO CERTO PARA AS
PESSOAS
CERTAS NA HORA CERTA
- Não crie um estoque de aprendizados — ensine só quando for relevante.
- Comunique-se com frequência e face a face.
- Dê às pessoas tempo para construir confiança e competência.
- Conecte o mindset às práticas e ferramentas.
POLINIZAÇÃO CRUZADA
- Aprenda através do compartilhamento.
- Vá e veja como o “bom” se parece para guiar a melhoria.
- Olhos frescos são uma grande fonte de feedback sobre o seu progresso.
REFERÊNCIAS
1.Ballé M, Ballé F. Lead with Respect, A novel of Lean
Practice. Cambridge, MA: Lean Enterprise Institute,
2014 (publicado em português sob o título Liderar com
Respeito).
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Notas de rodapé
1 Krafcik, JF. 1988.
2 O International Motor Vehicle Program (IMVP) foi fundado no MIT em
1979 e mudou a indústria automotiva com o influente livro “A Máquina que Mudou o Mundo”. Em 2013, o programa foi
integrado ao Mack Institute da Wharton School, reestruturado e renomeado como Program on Vehicle Mobility Innovation
(PVMI) https://mackinstitute.wharton.upenn.edu/events-and-programs/pvmi/, acesso em
11 de julho de 2018.
3 Womack, JP; Jones, DP; Ross, D. 1990.
4 Shortell SM, et al. 2018.
5 https://www.lean.org/WhatsLean/TransformationFramework.cfm, acesso em 13 de julho
de 2018.
6 Gemba é a palavra japonesa para “o local real, o local
onde o trabalho é executado”.
7 Citação de: https://www.lean.org/WhatsLean/TransformationFramework.cfm acesso em 13 de julho
de 2018.
8American College of Healthcare Executives,
Hospital CEO Turnover Rate Remains Steady,
https://www.ache.org/pubs/Releases/2017/2017-Hospital-CEO-Turnover-Rate.cfm,
acesso em 13 de julho de 2018.
9Challenger, Gray & Christmas Inc,
2018 February CEO Report: 113 CEO Exits, Highest January-February Since 2008,
http://www.challengergray.com/press/press-releases/2018-february-ceo-report-113-ceo-exits-highest-january-february-2008,
acesso em 13 de julho de 2018.
10 Diversos outros estudos corroboram essa
abordagem. Holden (2010) fez uma revisão extensiva do lean nos departamentos de emergência. O apoio da
gestão e o envolvimento dos colaboradores foram fatores de sucesso, mas os líderes seniores não estavam sempre
envolvidos.
11 Em outra revisão extensiva feita por
Mazzocato e colegas (2010), a maioria dos casos publicados são aplicações iniciais e estreitas, com
alcance organizacional limitado.
12 Uma pesquisa nacional feitas pela
internet pelo NHS-Reino Unido sobre o “programa produtivo Ward” identificou um “forte líder clínico” como um
elemento-chave para o sucesso do programa (Morrow, 2010).
13 Um líder local respeitado e autonomia são
“facilitadores do sucesso” identificados por varios autores também (Guimarães, 2012; Kane, 2015;
Woiceshyn,
2017).
14 A atitude de melhoria contínua a ser
desenvolvida e exigida para se alcançar o sucesso (Toussaint, 2013).
15 Mozzacatto (2010) também identificou a
ideia de “compreensão compartilhada” como um facilitador para o sucesso.
16 A solução de problemas e a apropriação
local são partes do DNA da Toyota (Spears, 1999).
17 Liker, JK. 2004.
18 “Ensine as pessoas a resolver seus
próprios problemas” (Ballé, 2014).
19 Aprender “on the job” como um
método efetivo de treinamento (Deming, 1990).
20 A pesquisa nacional feita na internet
pela NHS-Reino Unido sobre o “Programa Produtivo Ward” identificou que as pessoas que responderam ganharam
apoio ao usar o conceito de polinização cruzada (Morrow, 2010).
21 Várias organizações e programas de saúde
reconhecem o valor da aprendizagem entre colegas (White Paper da Thedacare Center, 2013 e O’Neill, 2011).
22 Mazzocato (2010) fez uma revisão
extensiva e propôs alguns mecanismos sobre como o lean funciona na área da saúde; abordagens colaborativas e
entendimento compartilhado são elementos positivos que contribuem para o sucesso.
SOBRE A LGN
Os membros da LGN são indivíduos e organizações em uma missão espalhados
por 32 países que assumiram a responsabilidade de avançar o pensamento e a
prática lean a fim de tornar as coisas melhores para nossos
clientes e
para a sociedade. Como membros da comunidade LGN, comprometemo-nos a trabalhar juntos para
desenvolver e
fortalecer nossas capacidades de pensamentos lean para criar valor para nossos
clientes
e garantir o
sucesso de nossos institutos.
Flávio Battaglia Presidente do Lean Institute Brasil Denise Bennett Coach no Lean Enterprise Australia. Vyacheslav Boltrukevich PhD, Graduate School of Business, Moscow State University, Rússia, e Diretor do Lean Enterprise Institute Russia Oriol Cuatrecasas PhD, Universitat Politècnica de Catalunya, Instituto
Lean Management, Espanha
Cristina Fontcuberta Diretora de Engenharia de Saúde, Instituto Lean
Management, Espanha
Alice Lee Diretora Executiva do Lean Enterprise Institute, Estados Unidos Carlos Frederico Pinto Senior Advisor do Lean Institute Brasil e Diretor Executivo do Instituto de Oncologia do Vale Roberto Priolo Chefe de Comunicações da Lean Global Network e Editor do Planet Lean. John Shook Senior Advisor do Lean Enterprise Institute
Planet LeanThe Lean Global Network Journal
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