A 13ª edição do Lean Summit ocorreu na semana passada e bateu todos os recordes, com 1.250 participantes provenientes de 305 companhias e 105 palestrantes apresentando casos de 56 empresas.
O evento foi mais um inquestionável testemunho de que a filosofia lean, disseminada há décadas, continua sendo cada vez mais essencial para a gestão das empresas, obtendo inclusive importância ainda maior, nestes tempos de mudanças cada vez mais rápidas.
Diversas sessões abordaram, por exemplo, como o lean tem alavancado a transformação digital, a manufatura avançada e a inovação, temas muito presentes nas preocupações atuais. Ficou claro que é totalmente equivocada a visão de algumas pessoas de que lean serviria apenas para melhorias graduais, não sendo adequado para mudanças disruptivas.
Art Smalley, um dos convidados internacionais, mostrou como o lean se aplica a quatro tipos de problemas que as empresas enfrentam. Inovação é um deles, que não se sustenta se a companhia não evoluir também nos outros 3 tipos: contenção, manutenção de padrões e melhoria. Diversos casos apontaram como tem sido fundamental para as organizações altamente inovadoras a inserção desse esforço na jornada lean, com o completo entendimento dos principais gaps e oportunidades nos fluxos que entregam valor aos clientes.
Empresas de diferentes setores mostraram como suas iniciativas digitais e de manufatura avançada têm sido associadas às atividades lean, para que sejam mais efetivas. Por exemplo, evitando que se automatizasse o desperdício, por terem feito esforços lean anteriores, combinando equipes kaizen e desenvolvedores, integrando lean startups nos processos de inovação etc.
Outro aspecto marcante no evento foi a reafirmação de que a transformação lean é um movimento estratégico, como abordado por Orest Fiume, um dos convidados internacionais, coautor do livro “Lean Strategy”. Algumas sessões trouxeram casos que ilustraram especificamente como algumas empresas estão mudando radicalmente seu posicionamento, usando lean desde a definição e desdobramento estratégico.
Essa mudança depende de uma completa revolução cultural, puxada pela liderança, e o reflexo disso pôde ser sentido pelo elevado número de representantes da alta direção de empresas que foram palestrantes, contando como tiveram que mudar seus próprios comportamentos, adequando-os ao que é necessário para ser um líder lean.
No lado cultural, John Shook, conhecido guru lean, abordou como a filosofia lean é um tipo de ideia que exige um tempo de maturação, demandando disciplina e continuidade. Líderes de organizações com sistemas de gestão de pessoas que já eram extremamente avançados contaram como suas áreas e eles mesmos estão precisando se reinventar, para serem difusores dos novos modelos mentais que o lean traz. Empresas trouxeram dados impressionantes, demonstrando que estão conseguindo criar um verdadeiro exército de solucionadores de problemas, com dezenas de propostas de melhoria implantadas por cada funcionário ao ano. O uso do processo A3 - método que disciplina a solução de problemas - foi citado em praticamente todos os casos apresentados, mostrando que vem sendo incorporado ao cotidiano dos envolvidos na aplicação do lean em todos os locais de trabalho.
Para quem teve a oportunidade de acompanhar edições anteriores do Lean Summit, ficou clara a evolução, em termos de maturidade das aplicações relatadas em diversos assuntos. Aplicações em manufatura, processos administrativos logística, supply chain, desenvolvimento de produtos e processos etc. trouxeram um grau de amplitude, detalhes e resultados muito superiores aos que eram relatados anteriormente. O interessante é que isso tem sido observado não só em empresas que aplicam o lean há muito tempo. Também as companhias que iniciaram a jornada lean mais recentemente, colhendo os aprendizados com as pioneiras, têm conseguido chegar de forma relativamente rápida a estágios bastante avançados de implementação de alguns conceitos lean.
James Womack, coautor dos livros que disseminaram o lean thinking, ressaltou, na plenária de encerramento, as novas fronteiras do lean em setores onde surgem aplicações iniciais, como na agricultura. No aspecto de disseminação do lean nos mais variados setores e ambientes, tivemos um recorde de mais de 30 atividades econômicas de manufatura e serviços representadas entre os participantes, incluindo setores como financeiro, entretenimento, educação, serviço público, construção, agronegócio e outros que há alguns anos não buscavam com tanto interesse a aplicação do lean thinking.
Essa grande diversidade de temas, setores e áreas de aplicação mostrou como a comunidade lean vem dando sua contribuição para melhorar o mundo em diversos níveis: nos clientes, nas empresas, nos ambientes de trabalho, nas pessoas, ou seja, na sociedade como um todo. Isso tornou palpável, com casos de aplicação reais, o tema do Lean Summit 2018: Transformar o mundo resolvendo problemas.
Não poderíamos ter tido melhor forma de comemorar os 20 anos do Lean Institute Brasil. Agradecemos a todos os profissionais e empresas que têm demonstrado o verdadeiro espírito lean de aprendizado, compartilhando suas experiências com a comunidade lean neste evento e em tantas outras atividades.