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Na crise: torcer ou agir para melhorar?

Momentos difíceis são, na verdade, excelentes oportunidades para crescer - e não de encontrar desculpas para reclamar

Recessão. Inflação acelerando. Indústria e comércio demitindo ou ameaçando demitir. As perguntas que seguem no ar são: “Quanto isso vai durar? Quanto ainda vai piorar? E quando vai começar a melhorar?”.

A questão aqui é que temos duas opções neste período difícil de crise. Podemos continuar fazendo essas perguntas e torcendo para essa situação passar rápido. Ou, então, podemos agir de modo diferente.

Devemos sair de uma atitude passiva, aguardando a situação melhorar, para uma postura de agir no sentido de melhorar a empresa, para que se possa “vencer a crise” e sair dela muito melhor do que se entrou.

Se a empresa ficar simplesmente “paralisada”, convenhamos que não haverá esperança imediata. Há, porém, a oportunidade aberta para que as empresas façam algo diferente e muito melhor do que a situação anterior e consigam resultados superiores, capazes de contrabalancear os impactos negativos da situação econômica atual.

Há diversos exemplos de empresas que conseguem sair das dificuldades conjunturais se tornando mais fortes, melhores e superiores que seus concorrentes. Uma das áreas de oportunidades mais evidentes é a de lançamento de novos produtos e a busca de novos mercados.

Exemplo recente é o da filial de uma grande corporação internacional que atua no Brasil no setor de óleo e gás, área triplamente afetada hoje. Primeiro, pelo cenário brasileiro de retração. Segundo, pelos problemas internacionais ocasionados pela gradual e contínua mudança de matriz energética no mundo – o que tem feito os preços oscilarem no mercado. E, terceiro, pelo abalo de credibilidade e de negócios no setor provocado pelos problemas com a Petrobras.

Pois, nessa empresa, o desenvolvimento de melhorias substanciais em um produto veio de encontro aos interesses atuais dos clientes. Nesse momento difícil, isso deve abrir inúmeras janelas de oportunidades, tanto de expansão do volume de produção, assim como de faturamento e de independência da maior empresa nacional, pois, se bem sucedido, poderá significar a diversificação do portfólio de clientes para a unidade brasileira.

Com isso, mesmo nesse cenário difícil do setor, essa empresa pode conseguir se “livrar” da “dependência” do mercado interno liderado pela problemática Petrobras ao atrair o interesse de vários outros clientes em diversas partes do mundo. E voltar a ter perspectivas favoráveis de crescimento.

Ou seja, enquanto que um grupo de companhias do setor de óleo e gás vê a própria sobrevivência ameaçada, outras expandem os negócios.

Outro exemplo, desta vez de um ramo completamente diferente, é o de uma empresa de prestação de serviços médicos. Trata-se de uma empresa que está conseguindo resolver uma questão que até pode parecer “trivial” para quem não é do setor, mas que trazia diversos prejuízos à companhia: as “perdas e demoras” em enviar as guias para cobrar dos planos de saúde o pagamento dos serviços realizados.

Eram, muitas vezes, 40 ou até 60 dias para se enviar as guias. Algumas se perdiam e não eram pagas... entre outros problemas.

Pois, após “mapear o processo” e realmente “enxergar” quais eram as causas dos problemas, a empresa definiu uma série de “contramedidas”: estruturou o faturamento como uma “linha de produção”, simplificou a movimentação de guias, tornou a gestão desse processo totalmente visual, nivelou melhor a carga de trabalho sem sobrecarregar este ou aquele funcionário e investiu em treinamento.

Com isso, só num primeiro momento, reduziu em 30% o tempo da cobrança e deve alcançar mais de 70%, o que vem beneficiando o caixa da empresa, além de ter diminuído os custos de gestão. Duplo benefício!

Esses são apenas dois exemplos de empresas que perceberam que momentos de crise são, na verdade, excelentes “oportunidades” para crescer – e não desculpas para reclamar.

Desenvolver novos produtos, melhorar substancialmente os produtos atuais, criar novos mercados, melhorar significativamente os processos existentes são algumas das alternativas para minorar o impacto do ambiente econômico deprimido.

Uma redução de custos cega e aleatória, como muitas empresas tendem a buscar nesses períodos difíceis, às vezes, pode causar mais mal do que bem. O foco na agregação de valor aos clientes e na eliminação de desperdícios é a maneira mais eficaz de reduzir custos.

Mas o pior mesmo é ficar de braços cruzados, esperando essa situação passar. Pode ser que muitas empresas não consigam sobreviver por tanto tempo.

A escolha é de cada uma.

Fonte: Revista Época Negócios

Fonte: Época Negócios
Publicado em 22/04/2015