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Estado de Washington fica mais eficiente com Lean

Governo do Estado tem procurado fazer melhorias em seus processos para atender melhor seus cidadãos

O Estado de Washington, no noroeste dos EUA, é sede de alguma das empresas mais paradigmáticas do país, como a Boeing, Starbucks, Microsoft, e tem importante centro hospitalar, o Virginia Mason. Esses grupos têm em comum a busca da implementação da filosofia lean de gestão.

Inspirado por essas iniciativas, o governo desse estado tem procurado fazer melhorias em seus processos para atender melhor seus cidadãos. Foi divulgado no último mês de julho um relatório detalhado mostrando os resultados obtidos com a adoção da gestão lean – o “pensamento enxuto”.

Trata-se de mais uma prova de que é possível aplicar esse modelo de gestão no setor público para melhorar o desempenho. O documento mostra que com a aplicação do modelo lean, o estado de Washington conseguiu tornar os serviços públicos mais rápidos, reduziu atrasos, cortou burocracia, economizou recursos, obteve maior engajamento dos servidores públicos e, assim, gerou maior satisfação de quem realmente interessa: o cidadão.

O relatório detalha os resultados obtidos num período de apenas seis meses em 33 setores diferentes do governo de Washington, tais como Agricultura, Emprego, Comércio, Tecnologia, Saúde, entre muitos outros. Tais departamentos apresentaram 115 projetos de melhorias utilizando o pensamento enxuto.

Trata-se apenas de uma parte dos resultados. O governo de Washington vem aplicando o modelo lean há mais de dois anos. E já registraram cerca de 500 projetos de melhorias nos mais diversos setores do governo nesse período.

Os resultados são reveladores.

O departamento de Saúde, por exemplo, diminuiu de quatro para uma semana o tempo para resolver reclamações quanto ao atendimento de mulheres e crianças.

Já o departamento de Serviços Sociais e de Saúde eliminou e simplificou uma série de processos administrativos, eliminando a necessidade de 8.000 assinaturas de aprovação, gerando, assim, uma economia de 2.133 horas de tempo de trabalho que antes eram gastos com processos inúteis a cada mês.

A divisão de balsas, importante meio de transporte no Estado, do departamento de Transportes, por sua vez, conseguiu num determinado setor diminuir de seis ou sete para três a quantidade de assinaturas necessárias para liberar contratos ou ordens de compra.

E na educação universitária, conseguiu reduzir em dois terços o número de etapas que um estudante leva da admissão até sentar-se na sala de aula em faculdades técnicas.

Assim como um setor de TI do governo que conseguiu simplificar um complicado relatório interno que ocupava até 30 horas por mês de cada funcionário e que agora leva minutos. O tempo liberado agora é utilizado para atender melhor os cidadãos.

E também no departamento de trânsito, cortou-se de 24 horas para apenas 15 minutos o tempo de espera necessário para aprovação da segunda via da carteira de motorista.

Esses são apenas alguns exemplos. A lista de resultados e melhorias é muito mais extensa e abrange quase todos os setores do governo de Washington. Certamente, tais melhorias estão tornando esse governo muito mais ágil, eficiente e econômico. Quem ganha com isso é certamente o cidadão daquele estado.

Agora imagine o Brasil. Pense nos milhares, nos milhões de processos, como esses relatados acima, que acontecem todos os dias nos também milhares de setores públicos dos governos municipais, estaduais e federais pelo país a fora.

Pensem em quanto tempo, eficiência e economia não poderíamos gerar se conseguíssemos implementar esse “pensamento enxuto”, como fez o Estado de Washington, procurando simplificar processos, eliminar desperdícios, tornando, assim, a gestão pública mais ágil e competente.

Infelizmente, porém, no Brasil, o que ocorre é o contrário. Os processos públicos são burocráticos, lentos e, em geral, ineficientes. Quem depende dos serviços públicos do Brasil, seja na educação, na saúde, nos transportes etc. sabe do que estamos falando.

Essa seria uma verdadeira revolução, uma real “reforma administrativa” se os governos brasileiros conseguissem entender esses exemplos que vêm de outros países – não apenas esse de Washington – e começassem a pensar em melhorar a utilização dos recursos existentes.

O mais triste, porém, é perceber que em pleno processo eleitoral nenhum candidato até agora promoveu uma discussão séria sobre melhorar a gestão pública do Brasil.

Em próximas colunas, continuaremos a mostrar os resultados dessas iniciativas em outros estados nos Estados Unidos.

Fonte: Revista Época NEGÓCIOS

Publicado em 15/10/2014