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Liderar pelo exemplo ensina a pensar


O alto executivo de uma multinacional visita uma fábrica recém-inaugurada.

Na entrada, passa pelo suntuoso jardim e nota uma máquina cortando a grama. Ao chegar à sala de reunião, a primeira pergunta que faz é a respeito do corte da grama, apesar da grande variedade de importantes tópicos que deveria cobrir naquela semana. Perguntou por que a grama estava sendo cortada naquele dia. A resposta que foi dada pelo gerente do “site” foi a de que havia um contrato com uma empresa – aliás, para as outras três plantas também – para fazer o corte da grama uma vez por mês.

Então, o executivo perguntou por que isso era necessário mesmo em um período seco em que a grama cresce muito lentamente, como era a ocasião. Ele disse que vira uma grama bem curta sendo cortada. E perguntou ainda se na época de chuva não seria necessário um corte mais frequente, pois a grama tende a crescer mais rapidamente. Ao final, o executivo disse para o pessoal do “site” pensar um pouco sobre isso.

Em seguida, começaram a focalizar nos tópicos previstos da conversa como a possível expansão do volume de produção e a entrada de um novo produto.

Você poderia pensar que, ao questionar sobre o corte da grama, o alto executivo da empresa estaria observando um detalhe irrelevante. Mesmo se houvesse alguma medida a ser tomada, como a redução da frequência da poda da grama, o impacto seria irrisório em uma companhia, cujo faturamento é da ordem de centenas de bilhões de dolares. Ou você poderia dizer ainda que o executivo estária fazendo micro-management, ou seja, preocupando-se com temas que deveriam ser foco de seus subordinados.

Bem, pode até ser. Mas esse não é o olhar essencial. Essa história ilustra o “modo de pensar” que esse executivo está tentando disseminar na empresa.

Ao chamar a atenção para esse simples fato de uma poda de grama estar sendo feita desnecessariamente na frente de todos que passam por lá todos os dias, ele está tentando mostrar que, antes de qualquer outra coisa, o trabalho na companhia deveria ser “pensar”: pensar seriamente em tudo o que se faz na empresa e se aquilo que está sendo feito é realmente relevante, importante e necessário.

Estimular as pessoas a pensar é umas das tarefas fundamentais que esse executivo coloca para si mesmo. E não apenas isso. Deve estimular o jeito certo de pensar. Ou seja, não fazer nada desnecessário, mesmo uma atividade que pareça pouco relevante.

A mensagem que ele passou para todos foi a de que ele, apesar de ter muitas ocupações e prioridades, está preocupado com a realização de atividades desnecessárias. Assim, se ele está se preocupando com isso, todos deveriam estar também.

Note que o executivo não ordenou a mudança da frequência do corte de grama, pois isso seria uma intromissão. Ele estimulou o pessoal a pensar com base em um fato real, corriqueiro e concreto para todos. Isso é liderar pelo exemplo. As pessoas prestam mais atenção no que dizemos ou no que fazemos? O que é mais poderoso: “faça o que eu digo ou faça o que eu faço”?

As pessoas tendem a prestar mais atenção e a acreditar no que um líder faz, no seu comportamento do dia a dia, nos exemplos que dá, muito mais do que no que é dito ou escrito.

A atitude do executivo é muito mais poderosa do que palavras, declarações de princípios e valores que no máximo ficam pendurados nas paredes ou esquecidos nos arquivos de computadores. Mesmo que agressivamente colocados em crachás etc., não parecem fazer sentido nem serem compreendidos por muitos nas empresas.

Pelo exemplo, as lideranças passam os valores essenciais. Essas histórias, como essa da grama, são contadas e recontadas, e a mensagem principal tende a ser entendida. São fortes ao marcar a liderança pelo exemplo.

Nas empresas, há muitas situações de gramas curtas sendo aparadas desnecessariamente. E em atividades muito mais relevantes ainda. É preciso ser capaz de enxergar, reconhecer isso e evitar que continue acontecendo. Você pode falar sobre isso e pedir a colaboração de todos. Ou então, você pode fazer na prática, e todos entenderão.

Fonte: Revista Época NEGÓCIOS

Fonte: Época Negócios
Publicado em 01/10/2014