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Summit mostrou transição da “era das ferramentas” para “era da gestão”

Flávio Battaglia
Summit mostrou transição da “era das ferramentas” para “era da gestão”

Com público recorde de cerca de 1.500 pessoas, 112 palestrantes de 80 empresas de praticamente todos os setores, marcas icônicas, casos de diversos países, o Lean Summit 2023 também foi marcante porque explicitou uma série de marcos e tendências de gestão.

Uma das mais relevante é que ficou claro que estamos saindo da “era das ferramentas” e entrando na “era da gestão”. Os casos, os testemunhos, os resultados... tudo deixou evidente que se melhorias não estiverem inseridas num sólido e coerente sistema de gestão, a jornada simplesmente não se sustenta.;

Evidência desse novo grau de maturidade foi a quantidade de casos com abordagens “sistêmicas”. Ou seja, transformações profundas orientadas à integração entre áreas funcionais, etapas de processos e níveis hierárquicos dentro das organizações. Vimos também diversos exemplos de conexão com fornecedores, distribuidores e demais elos da cadeia de valor estendida. As jornadas lean se parecem cada vez menos como um apanhado de melhorias desconectadas.;

Também ficou claro que o elemento humano está no cerne da equação para o sucesso. Por mais que estejamos imersos num mundo cada vez mais digital e cercados por tecnologia, as pessoas continuam sendo o grande diferencial, a base de tudo. Sem a “tecnologia humana”, esbarraremos rapidamente nos limites da tecnologia da informação.;

Diferentes casos reforçaram essa percepção. Empresa maduras e mesmo iniciantes evidenciaram a importância das práticas lean de gestão no sentido de gerar novas vantagens competitivas e modelos de negócios. Com isso, as conexões, a visibilidade e a abrangência da jornada lean, desde a estratégia até a operação, foram alguns dos principais enfoques.;

Outra perspectiva importante foi perceber os esforços para gerar maior resiliência das cadeias de suprimentos diante dos cenários de incertezas, mudanças “multipolares” e choques diversos, a chamada “policrise”. Com isso, destacou-se, sob a ótica lean, a logística multicanal e omnichanel, diante do mercado, cada vez mais, com alta variabilidade de demandas e variedade de SKUs, demandando, também, abordagens mais sustentáveis, com economia verde e circular.;

Ficou claro que as instituições aprenderam muito com a pandemia, tendo lean como inspiração fundamental para atravessar aquele momento difícil, com equipes desfalcadas e lideranças sobrecarregadas. Tudo isso exigiu, intensamente, a busca pela maior eficiência possível com os recursos existentes.;

Houve clara percepção sobre a evolução da governança lean atrelada à estratégia e investimento em inovação e sustentabilidade. Também se percebeu uma consciência maior sobre a importância das pessoas no gemba, com o incremento de rotinas de solução de problemas, da gestão visual, do trabalho padronizado, gerando economia de tempo e de recursos. Foi interessante notar os executivos das empresas unânimes em afirmar que o pensamento lean precisa estar na base das operações.;

Acreditamos que o Lean Summit 2023 tenha feito jus ao slogan do evento que foi “Construindo juntos o futuro”. Mostrou que podemos e devemos unir, de forma lean, os diferentes níveis organizacionais e áreas funcionais. “Juntos”, por exemplo, como empresas de uma mesma cadeia de valor que trabalham unidas para melhorar seus processos e entregar mais valor para seus clientes. Ou simplesmente “juntos” como organizações diferentes, não conectadas diretamente, mas que podem e devem aprender umas com as outras.;

O Summit 2023 acabou há pouco, mas já estamos trabalhando na preparação do próximo. Isso significa que ele nunca termina. Começamos a pensar e a planejar o evento de 2025. Estamos ansiosos para conhecer novos casos, novas iniciativas e avanços de quem já está no caminho. A jornada continua. Que venha 2025. Estaremos juntos!

Publicado em 06/07/2023

Autor

Flávio Battaglia
Presidente do Lean Institute Brasil

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