SAÚDE

Qualidade no atendimento das gestantes é destaque na colaborativa “Sífilis Não”

Maria Aparecida Alves Gaudio, Mário Vinicius Canfild Grendene e Silvio Vieira de Oliveira Junior
Qualidade no atendimento das gestantes é destaque na colaborativa “Sífilis Não”
Entenda a visão de alguns participantes sobre colaborativa "Sífilis Não" nesta entrevista inédita ao Lean Institute Brasil.

Em uma colaborativa com foco no diagnóstico e tratamento de sífilis em gestantes, as UBSs atendidas conseguiram agilizar o cuidado às gestantes, garantindo um atendimento e tratamento adequado às mulheres nessa etapa da vida que requer cuidados especiais. O artigo sobre a experiência completa dessa iniciativa foi publicado anteriormente e pode ser lido clicando aqui.

 

 

O Lean Institute Brasil sentou com Silvio, da UBS de Boa Vista, Mário, da UBS Viamão, e Cida, da UBS Vitória, para entender um pouco melhor como está acontecendo a jornada lean no combate à sífilis no Brasil. Veja abaixo as respostas deles.

Lean Institute Brasil: O que mudou na unidade após a experiência na colaborativa?

Silvio (Boa Vista – RO): Conseguimos melhorar muito a questão do acolhimento e da testagem das gestantes; um exemplo disso é que, quando saíram os resultados dos indicadores relacionados a testes rápidos, como sífilis e HIV, o nosso foi o melhor da macroárea. Conseguimos também melhorar a dispensação de medicação; um exemplo disso é que temos a orientação na nossa UBS para uso da Benzetacil apenas para pacientes com sífilis e/ou suas parcerias. Ainda estamos tentando melhorar ainda mais a questão da perda da gestante, para não deixar nenhuma que tenha dado entrada na unidade voltar para casa sem a primeira consulta de pré-natal e os testes rápidos.

Mário (Viamão – RS): O processo que fizemos de rotinizar os testes rápidos nos três trimestres gerou uma organização de testagem que gerou um pré-natal mais eficiente. Acho que essa mudança fica clara no dia a dia do nosso trabalho.

Cida (Vitória – ES): Nosso número de gestantes testadas e tratadas aumentou muito, e na nossa unidade, o que mais melhorou foi a recepção, que é o primeiro momento da gestante na unidade. Então, cheguei à conclusão de que, apesar de termos preparado toda a equipe técnica (e isso é muito importante), a recepção é quem está mais próxima da gestante, e é lá que vamos enxergar as principais melhorias.

LIB: Foi observado mudança positiva no processo da gestante com sífilis na sua unidade?

Mário: Sim, os corações e as almas das gestantes e das equipes foram mudadas. De certa forma, houve a construção de um discurso pedagógico de importância sobre o rastreamento das ISTs no período pré-natal e sua noção de urgência. Isso fez toda a diferença.

Cida: Sim, acho que a principal mudança foi que aumentou o interesse da gestante em saber sobre as consequências da doença; elas perguntam bastante, têm interesse em saber e retornam aqui até antes de terminar o tratamento, para tirar dúvidas. Além disso, elas estão trazendo os parceiros agora e, com isso, estão fazendo o atendimento do pré-natal do pai parceiro, que foi implantado na nossa UBS. Esse é um grande benefício, porque a gente já está conseguindo fazer a busca desse parceiro, coisa que era difícil antes; para mim, isso é muito positivo e muito importante.

LIB: Se você pudesse dar uma dica para outras unidades que vão iniciar este processo, qual seria?

Silvio: Tenho que colocar um foco no Gerenciamento Diário. O nosso GD foi bastante útil para reorganizar a demanda, principalmente na recepção, para evitarmos perder a gestante. Também conseguimos adaptá-lo para outras situações, como a vacinação nas escolas, para podermos deslocar uma equipe sem ficarmos desfalcados aqui na unidade.

Mário: Algo que aprendi foi que a estratégia mais importante é a intra-equipe. É necessário saber o porquê de fazer para depois construir o como fazer, e quando a equipe entende o sentido de cada ação, aprende a cuidar das gestantes, transformando, como consequência, o momento do pré-natal com um melhor trabalho da equipe. E isso sim faz todo o sentido.

Cida: A dica que eu daria é para a pessoa continuar seguindo esse fluxo de melhoria e aplicá-lo de fato, para não deixar o atendimento para lá e seguir o fluxo direcionador que foi implantado. Para mim, isso é importante, pois a maioria que a gente vê começa, mas não continua, então a minha dica é não abandonar esse projeto, continuar e seguir em frente.

Publicado em 23/03/2023

Autores

Maria Aparecida Alves Gaudio
Enfermeira na UBS Conquista/Nova Palestina-Vitória/ES
Mário Vinicius Canfild Grendene
Médico de Família e Comunidade e Pré Natalista na UBS Krahe em Viamão no Rio Grande do Sul (Brasil).
Silvio Vieira de Oliveira Junior
Enfermeiro na UBS Boa Vista

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