ESTRATÉGIA E GESTÃO

Misto de esperanças e incertezas, 2022 vai exigir aprofundar a “solução de problemas”

Flávio Augusto Picchi
Misto de esperanças e incertezas, 2022 vai exigir aprofundar a “solução de problemas”
Diante de mais um ano sem garantias, será necessário fortalecer ao máximo os métodos e processos que ajudam a companhia a se adaptar e responder rapidamente a qualquer dificuldade

2022 está aí, e já se pode fazer algumas reflexões importantes para a gestão das empresas.

Se este ano que acaba foi cercado de desafios nunca enfrentados, 2022 acena com certa esperança e otimismo, mas ainda rodeados de incertezas nos campos econômico, político, social e de saúde, pelo risco de novas variantes.

Assim, se uma das palavras-chave do próximo ano será “incerteza”, isso, em gestão, só pode significar uma coisa: fortalecer ao máximo os métodos e processos que ajudam a companhia a se adaptar e responder rapidamente a qualquer dificuldade. Ou seja, reforçar a cultura de solução de problemas.

É preciso entender que a “incerteza” tem um lado bom. Se algo é incerto, é porque há variações, desvios. E a busca pela solução desses problemas, se realizada da forma correta, pode nos trazer uma série de benefícios.

Os processos corretos de solução de desvios nos fazem pesquisar a nossa realidade. Isso pode gerar muitos aprendizados e descobertas sobre os clientes, o mercado e o ambiente de negócios. Com isso, fortalece-se o vínculo entre as pessoas, gera-se inovação e, certamente, torna-se a empresa melhor.

Pelo alto grau de incertezas que podem vir pela frente – e por que enfrentar essas incertezas pode gerar forte aprendizado e melhoria contínua –, 2022 vai certamente exigir que as companhias fortaleçam a capacidade de resolver problemas.

Arrisco-me a dizer que quem não fizer isso não só perderá competitividade como terá sua sobrevivência ameaçada.

Claro que não é algo fácil, mas o ideal é que a organização inteira se torne uma “máquina” de resolver problemas, em todos os níveis, áreas, cargos e funções, dos pequenos (e por vezes escondidos) desafios às grandes, visíveis e complexas questões.

Se as soluções forem buscadas de forma sistemática, aos poucos as incertezas poderão virar certezas. As dúvidas vão se transformar em respostas. E os problemas, em soluções.

Para ajudar nesse processo, a gestão lean tem uma série de conceitos e práticas direcionados a revelar e resolver desvios.

Um exemplo disso é o PDCA, sigla para as palavras plan, do, check e act, que traduzem para a gestão o método científico, gerando um passo a passo para buscar a solução de qualquer tipo de problema.

Outro exemplo é o método A3, também um passo a passo que estimula os funcionários a se aprofundar na reflexão sobre as causas dos desvios, antes de partir para a execução de soluções por vezes ineficientes.

Há ainda matrizes analíticas da gestão lean, que categorizam os tipos de problemas e ajudam a parametrizar as soluções mais adequadas para cada tipo.

Ou ainda os “kaizens”, que podem implementar na empresa uma mentalidade cotidiana de solução de problemas.

Em resumo, 2022 promete ser um protótipo do que poderá ser o mundo pós-pandemia. Isso vai revelar velhos e novos problemas, resgatar desvios não resolvidos, revelar questões surgidas num novo contexto. Ou seja, será necessário, mais do que nunca, intensificar nas empresas, em tudo e em todos, a cultura da solução de problemas.

Publicado em 08/12/2021

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor do Lean Institute Brasil