A essência do Ágil não é entregar mais rápido, mas, sim, errar e aprender com maior velocidade. E em um mundo com constantes mudanças, muita incerteza e baixa previsibilidade, adaptar-se de forma rápida nunca foi tão necessário.
Dessa maneira, com base nos aprendizados construídos por Taiichi Ohno na Toyota e depois aperfeiçoados por James Womack no Lean Enterprise Institute e por José Roberto Ferro no Lean Institute Brasil, a equipe lean digital do Lean Institute Brasil desenvolveu a Jornada de Transformação Lean Digital.
Enquanto o lean ajuda a resolver o problema certo, a agilidade apoia na adaptação rápida, para se ajustar o curso rumo ao propósito sempre que necessário. Dessa forma, saber o que fazer é fundamental para que, depois, se saiba como fazer.
Descobrir “o que fazer” através da concepção de “negócio” e “valor”
Desenvolver novos produtos e serviços é algo importante e valioso para empresas que almejam crescer, transformar e evoluir. Contudo, muitas delas, por vezes, criam produtos ou serviços que não estão conectados com os anseios de seus clientes. Esse afastamento é prejudicial e, como consequência, gera desperdício de esforço e tempo e eleva os custos dos recursos.
Para evitar essa desconexão, utilizamos um modelo baseado nas técnicas de Design Thinking, Lean Startup e Product Discovery para concepção de novos produtos ou serviços enxutos, orientados à máxima geração de valor e que, realmente, estejam conectados com o cliente e suas reais necessidades.
Utilizamos frameworks e métodos de descoberta que ajudam a empresa a entender de forma profunda os problemas e gerar soluções que, de fato, agreguem valor. O resultado esperado é a compreensão do comportamento, da expectativa, dos desejos do cliente e sob a ótica do negócio, gerando a ele uma melhor experiência.
Encontrar o “como fazer” através da governança lean-agile
No contexto da atual transformação digital das organizações, o uso inadequado da agilidade faz com que os resultados esperados não sejam alcançados. A mera criação de “squads” não torna a empresa ágil. Agrupar pessoas sem que tenham autonomia, multidisciplinariedade, condições sistêmicas para tomada de decisão e contato direto com o cliente gera mais desperdício e silos invisíveis.
Entendemos que os valores e princípios ágeis, quando aplicados com propósito, em toda sua plenitude e essência, garantem os resultados necessários e a sustentabilidade da transformação digital. De forma estruturada, utilizando como base o pensamento lean, o desenvolvimento de uma governança lean-agile ajudará a empresa a se tornar verdadeiramente ágil. Ou seja, isso possibilita rápida resposta ao mercado (time-to-market) e responde às mudanças de forma estratégica e orientada por valor.
É comum encontrar gestores que ainda trabalham com modelo de gestão ultrapassado, de comando e controle. A transformação digital lean provoca mudanças em todos os âmbitos da organização. Um elemento essencial para sustentar essas mudanças é o desenvolvimento da liderança, uma vez que esses serão os principais precursores e disseminadores do pensamento lean.
A base de uma transformação é a construção de uma estrutura organizacional simples, que permite resposta às mudanças do cliente, suportada por uma liderança lean que engaja, conduz e sustenta os times matriciais de forma autônoma e sempre com objetivos, metas e relações bem definidas, descobrindo e entregando valor continuamente.
Lean e agile juntos
Se observarmos o conceito do kata de melhoria, percebemos que o propósito (1) está sempre visível para todos que participam da jornada. Para evoluir de onde você está (2) até o próximo degrau (3), você precisa conduzir uma jornada (4) de aprendizagem sólida, usando técnicas do lean thinking e os ciclos de aprendizagem de forma rápida, usando técnicas de agilidade.
Toyota Kata de melhoria
Ser ágil nunca esteve tanto em voga. Não é mais exclusividade da TI – embora todos os setores que desejam se manter vivos precisem dela. A agilidade está presente no RH, no marketing, na administração tradicional e em tantos lugares que necessitam se reinventar na velocidade de que o mercado necessita.
Em fevereiro de 2001, no resort The Lodge at Snowbird, em Utah, nos Estados Unidos, 17 pensadores, professores e profissionais muito influentes nos mais diversos conhecimentos relacionados a um melhor desenvolvimento de software se reuniram e, depois de um final de semana acalorado com intensos debates, chegaram ao "Manifesto Ágil de Desenvolvimento de Software", composto por 4 princípios:
- Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas.
- Software em funcionamento mais que documentação abrangente.
- Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos.
- Responder a mudanças mais que seguir um plano.
No manifesto, procura-se sempre utilizar-se com mais intensidade o que está escrito à esquerda, ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita, são valorizados mais os itens à esquerda.
Entretanto, uma coisa é fundamental: repare que o que separa o que está à esquerda do que está à direita é ‘mais que’ e não ‘ao invés de’, ou seja, não significa que iremos deixar de fazer processos porque "agora sou ágil" ou que não vou mais rasgar contrato para só fazer acordos de negócio com Post-its "porque sou ágil". O importante sempre é equilíbrio.
Agilidade é meio; não é fim
Caso você tenha dúvidas de “o quão perfeito” está aplicando uma determinada ferramenta ou prática ou “o quão ágil” está sendo sua jornada, lembre-se que o propósito sempre precisa estar em primeiro plano. Se sua organização estiver adaptando-se na velocidade adequada para caminhar no rumo certo, com os clientes mais satisfeitos, negócio mais saudável e profissionais mais felizes, este é o caminho.
Agora, pense na jornada de uma empresa como se fosse uma corrida de longa distância: você não precisa, necessariamente, de um par de tênis para correr uma maratona, certo? Mas convenhamos que fica muito mais fácil usar um calçado adequado do que correr descalço. E a agilidade está no mesmo caminho: ela não garante melhores resultados, mas maximiza – e muito – suas chances de conseguir obtê-los.
A busca pela agilidade não é novidade nas empresas, mas muitas não compreendem de fato o verdadeiro significado de ser ágil. Ser ágil consiste não necessariamente em entregar mais rápido, mas em utilizar a agilidade para aprender mais rápido e se adaptar com maior velocidade rumo ao propósito. E para nos tornarmos verdadeiramente ágeis, utilizar a combinação entre o pensamento lean e o agile é o melhor caminho. Portanto, se você quer sobreviver no mundo de mudanças exponenciais, o dinamismo da agilidade em conjunto com a base sólida do lean thinking é a receita do sucesso!