GERAL

Ano sem Carnaval mostra como é difícil mudar modelos mentais

Flávio Augusto Picchi
Ano sem Carnaval mostra como é difícil mudar modelos mentais
Muitas empresas insistem em retomar os mesmos produtos e formas de fazer negócios, enquanto pode ser necessário mudar totalmente a perspectiva

Esta semana seria a do Carnaval, mas as festividades e o feriado foram cancelados como medida mais do que necessária neste momento em que a pandemia volta a acelerar e em que a vacinação está somente no início.

Mas todos estão percebendo que essa mudança não aconteceu plenamente – e seria ingenuidade achar que isso ocorreria.

Não está sendo uma semana de trabalho como outra qualquer. Algumas empresas mantiveram a dispensa dos funcionários. Os bancos fecharam, como nos carnavais anteriores. Algumas pessoas mantiveram viagens programadas. Alguns tentam recuperar um pouco do clima de descontração, fantasiando-se em casa. E outros, imprudentes e sem senso coletivo, insistem em se aglomerar, como se não existisse pandemia.

Os dias ficaram com um clima esquisito, meio de trabalho meio de feriado.

Uns aceitaram essa situação e seguiram trabalhando. Parte dos que dependiam de rendas geradas nesse período rapidamente se reinventaram buscando outras fontes.

Outros tiveram maior dificuldade de virar a página e tentaram manter algo do que existia, o que não é possível plenamente. E alguns ainda sonham em “mudar” a data e comemorar o carnaval em julho.

O sentimento estranho desta semana, como tudo nesta pandemia, traz-nos oportunidades de reflexões sobre nossas relações sociais e, por que não, sobre o que ocorre nas empresas. Tentem, por exemplo, fazer um paralelo com o que, muitas vezes, acontece em termos de gestão.

A situação me fez relembrar como é difícil mudar um modelo mental e como isso pode ser prejudicial, em se tratando de gestão, ao atrasar decisões e nos amarrar a formas de fazer as coisas que precisam ser superadas para irmos adiante.

A pandemia e tantas mudanças de hábitos dos consumidores que ocorreram mudaram totalmente os mercados.

Muitas empresas insistem em retomar os mesmos produtos e formas de fazer negócios, enquanto pode ser necessário mudar totalmente a perspectiva. Mas aí entra a dificuldade de “desapegar”, de se reinventar, de virar a página.

As companhias que aceitarem mais rapidamente que a situação mudou e se anteciparem em buscar formas diferentes de reagir à nova situação colherão importantes vantagens competitivas.

Como diz o ditado popular, “às vezes precisamos fechar uma porta para abrir uma janela”.

Fique atento se em sua organização ainda há planos do tipo “Carnaval em julho”. Pode ser necessário aceitar que “este ano não tem Carnaval”. E pensar sobre como ir adiante.

Publicado em 17/02/2021

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor do Lean Institute Brasil