GERAL

O momento exige uma transformação total das empresas

Flávio Augusto Picchi
Essa mudança precisa começar na revisão dos produtos ou serviços oferecidos

O momento exige uma transformação total das empresas  (Foto: NicoElNino via Getty Images)

O momento exige uma transformação total das empresas (Foto: NicoElNino via Getty Images)

A atual situação de pandemia gerou, como sabemos, impactos para todas as empresas em diferentes níveis, mas a grande maioria enfrentou e ainda enfrenta consequências enormes. E muitas organizações já perceberam que esses impactos ainda vão perdurar e gerar outros, mesmo após o retorno a uma certa normalidade.

Neste contexto, fazer pequenas mudanças nas empresas, como reduções de custos pontuais, ajustes aqui ou ali… certamente serão insuficientes para dar conta tanto dos desafios atuais como dos que ainda virão por aí.

Assim, pode ser necessário (e até uma oportunidade) fazer uma transformação total nas companhias. Ou como chamamos na gestão lean, dar a “grande virada”.

Essa transformação precisa começar na revisão dos produtos ou serviços oferecidos. Os clientes passaram e ainda atravessam a crise. Isso certamente está mudando mentalidades e necessidades. Eles vão exigir, cada vez mais, produtos e serviços eficientes, simples, fáceis de usar, com resultados concretos e rápidos.

Da mesma forma, é preciso repensar de forma radical sobre os processos que entregam, que distribuem os produtos e serviços aos clientes, cada vez mais exigentes.

O sistema lean pode ajudar muito a promover essa grande transformação na organização como um todo.

Por exemplo, instituir efetivamente “fluxos contínuos” de produção. Isso significa, na prática, produzir sem interrupções ou “gargalos”, de uma ponta a outra da companhia, alinhando todos os processos ao ritmo da demanda dos clientes.

Para isso, será necessário adotar ou reforçar o “sistema puxado”, que é produzir apenas o que é demandado pelo cliente, ou pelo processo seguinte. Isso é bastante diferente da “produção empurrada”, que lota estoques a partir de previsões que muitas vezes não se concretizam.

Também é essencial adotar ou aprofundar o “trabalho padronizado”, que é estabelecer com a maior precisão possível como devem ser realizadas as atividades, sempre pensando na agregação de valor e na eliminação de desperdícios.

E, claro, repensar os processos administrativos e de apoio (por exemplo, nos escritórios). Eles também estão permeados de retrabalhos, de desperdícios e de atividades que podem ser aperfeiçoadas, simplificadas e potencializadas com maior e melhor tecnologia.

Também rever mentalidades, atitudes e práticas, tanto de líderes como de liderados. Por exemplo, ver a mudança de gestão não como “pontual”, mas numa visão estratégica da empresa como um todo. E nos esforçarmos, todos, para minimizar a tendência natural de resistência a mudanças.

Claro que efetuar tanta transformação assim não é uma tarefa fácil nem imediata. Mudar uma organização como um todo é um grande desafio e requer “dinamitar” estruturas há muito arraigadas, substituindo-as por uma série de outras.

Trata-se, porém, de uma mudança possível e talvez inevitável. É preciso pensar nisso e dar os primeiros passos. E entender que o momento traz, mais que uma oportunidade, uma necessidade de buscar “a grande virada”.

Publicado em 24/06/2020

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor do Lean Institute Brasil