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Processos “arriscados” exigem “poka-yoke”

Flávio Augusto Picchi
Um dos elementos mais importantes de uma gestão baseada no sistema lean é o chamado “poka-yoke”, uma expressão de origem japonesa que pode ser traduzida como “à prova de erros”

 Cabe à gestão “mapear” os processos, identificar os mais propícios a falhas humanas e tentar criar mecanismos que tornem impossível acontecer o erro (Foto: Martin Barraud // Getty Images) Cabe à gestão “mapear” os processos, identificar os mais propícios a falhas humanas e tentar criar mecanismos que tornem impossível acontecer o erro (Foto: Martin Barraud // Getty Images)

Um dos elementos mais importantes de uma gestão baseada no sistema lean é o chamado “poka-yoke”, uma expressão de origem japonesa que pode ser traduzida como “à prova de erros”. Significa a prática de desenvolver métodos, se possível por toda a empresa, que ajudem os trabalhadores a evitarem erros em seus trabalhos cotidianos.

A ideia implícita é a que o ser humano, seja por quais motivos forem, está sempre sujeito a cometer erros. Como se sabe, errar é humano. Assim, cabe à gestão “mapear” os processos, identificar os mais propícios a falhas humanas e tentar criar mecanismos que tornem impossível acontecer o erro.

Isso acontece, num exemplo bem simples, quando as diferentes peças de um determinado produto são projetadas num formato específico que impeça, pelo encaixe, que sejam montadas de uma forma diferente, que não seja a correta.

Diferentes tipos de trabalho exigem distintos mecanismos poka-yoke, que devem ser idealizados de acordo com cada processo específico. E é sempre possível, por mais difícil que pareça, pensar em algum sistema que impeça o erro humano, em qualquer tipo de trabalho.

Assim, esse tipo de conceito lean pode ser um diferencial para todo tipo de empresa ou processo produtivo, pois, como se sabe, erros geram reclamações de clientes, retrabalhos, desperdícios de tempo, de materiais… entre outros prejuízos.

Porém, há situações em que o poka-yoke deveria obrigatório. Trata-se daqueles processos cujas falhas humanas, muito pior do que resultar em prejuízos financeiros, podem representar risco à vida.

Recentemente, por exemplo, o público brasileiro ficou impressionado com imagens mostradas na TV de um hospital onde um bebê prematuro se feriu gravemente ao cair de uma incubadora que não havia sido devidamente travada.

Responsabilidades devem ser investigadas, mas é preciso refletir se processos tão delicados e sensíveis como esse devem depender única e exclusivamente da atenção de quem realiza o trabalho. Por mais que as pessoas sejam treinadas e se esforcem, errar será sempre parte da nossa condição humana. Nesse caso da incubadora, o fabricante poderia ter, por exemplo, planejado um fecho que se auto travasse, impedindo a abertura acidental, ou algum outro dispositivo que evitasse a queda do bebê. Isso deveria ter sido pensado desde o projeto, analisando todos os possíveis riscos.

Esse mesmo raciocínio deve ser utilizado nas empresas, verificando todos os pontos críticos de seus produtos e processo que possam comprometer a qualidade ou a segurança dos clientes ou operadores.

Por tudo isso, seja rigoroso, reveja os processos que ocorrem em sua organização e procure analisar onde há necessidade de se implementar um poka-yoke. Antecipe-se, evitando possíveis consequências irreparáveis.

Publicado em 06/11/2019

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor do Lean Institute Brasil