GERAL

Brasil exporta boas ideias e contribui para a disseminação do lean no mundo

Flávio Augusto Picchi
Brasil exporta boas ideias e contribui para a disseminação do lean no mundo
Encontro internacional realizado recentemente no Brasil mostra que o lean continua se expandindo mundo afora, com diferentes graus de maturidade, e que nossa comunidade lean pode se orgulhar por ter aplicações avançadas em muitos setores, que servem de inspiração para outros países.

Brasil exporta boas ideias e contribui para a disseminação do lean no mundo

No mês passado, cerca de 50 lideranças lean de 25 países se reuniram pela primeira vez em nosso país, no encontro anual da LGN (Lean Global Network), rede de institutos lean espalhados hoje por dezenas de países.O encontro foi realizado pelo Lean Institute Brasil – LIB, o segundo instituto a fazer parte dessa rede, que hoje está em 30 nações espalhadas por cinco continentes.

Durante uma semana, esses líderes lean participaram de diversos grupos de trabalho e visitaram, em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma série de grandes empresas brasileiras que são hoje referência na adoção do sistema lean.

O feedback que tivemos dos colegas de diferentes partes do mundo foi o de que temos, no Brasil, vários exemplos de empresas avançadas na transformação lean, presentes em diversos setores, mostrando uma profundidade e diversidade difícil de se observar em outros países.

Fazemos questão de compartilhar essa percepção com você, que batalha dia a dia em sua empresa para disseminar o lean e talvez não tenha a dimensão da importância e extensão de sua contribuição e a de tantos outros colegas, que fazem com que  a comunidade lean no Brasil seja uma das mais ativas e maduras do mundo. Isso com certeza é motivo de orgulho para todos envolvidos nessa jornada em nosso país.

Quanto aos setores, por exemplo, em muitos países as aplicações lean ainda se concentram em empresas de manufatura. É a situação que encontrávamos no Brasil há 20 anos. Hoje, o lean está presente nas mais diversas áreas e em praticamente todos os setores de atividade econômica em nosso país. Pudemos observar isso em visitas a empresas de finanças, saúde, seguros, software, varejo e entretenimento e em diferentes funções das organizações, como administração, gestão de pessoas, desenvolvimento de produtos e processos, logística etc. Essa diversidade nos dá uma riqueza enorme, que possibilita um aprendizado cruzado, acelerando a difusão do lean através do compartilhamento de experiências.

Além da ampla disseminação, nossos visitantes também ficaram impressionados com a profundidade de algumas transformações lean, nas quais puderam observar o desenvolvimento de lideranças, o desdobramento de estratégia até o gerenciamento diário e melhorias cotidianas na forma como o trabalho é realizado, com a participação todos.

E viram que nosso país está também na vanguarda da discussão de importantes questões. A transformação digital, por exemplo, desperta enorme atenção no mundo todo, mas em muitos se encontra desconectada da jornada lean. Enquanto isso, em nosso país já temos vários casos, discussões e aplicações do que chamamos de transformação lean digital – como puderam ser vistas no nosso recente Lean Digital Summit –, que avançam a fronteira do conhecimento no assunto, mostrando a importância de entender as mudanças tecnológicas na agregação de valor aos clientes.

Durante essa reunião da LGN, foi também interessante perceber que as lideranças lean dos diferentes países têm, em suas respectivas regiões, dificuldades – e oportunidades – similares às que nós, brasileiros, também nos deparamos historicamente por aqui.

Quase todos foram unânimes em afirmar que um grande desafio em seus países, assim como no Brasil, é conseguir mudar a mentalidade das pessoas que estão hoje nas companhias. Para que abandonem as velhas práticas da gestão tradicional – o comando e controle, o hábito de esconder problemas... – e consigam incorporar de forma mais efetiva o pensamento lean.

Superar a “fase das ferramentas” e consolidar o lean como um modelo de gestão nas organizações também é ainda um desafio para muitos dos especialistas lean que estiveram aqui, bem como para muitas empresas em nosso país  – e todos concordaram que só assim é que se pode garantir a sustentabilidade da jornada lean numa empresa.

Outra unanimidade é sobre o “papel das lideranças”, que precisam ser as principais “puxadoras” da transformação lean, o que parece ser também um desafio “universal” em se tratando de mudança de gestão.

O encontro deixou uma mensagem unânime, proferida com palavras e sotaques diferentes, mas que, em resumo, tem um significado simples, mas profundo. A mensagem de que o sistema lean se torna, cada vez mais, não uma “opção”, mas um sistema de gestão que se consolidou como um modelo inquestionável de excelência empresarial e que continua avançando em todos os países e setores.

E que o Brasil, com nossa criatividade, flexibilidade e paixão, tem tido uma contribuição importante no aprofundamento e na disseminação da filosofia no mundo, possuindo casos bastante maduros de transformação lean. Esses bons exemplos, que despertaram o interesse de outros países, servem, antes de mais nada, como inspiração para o avanço das empresas brasileiras que estão iniciando sua jornada lean ou que estejam encontrando dificuldades para evoluir.

A LGN encerrou sua reunião deixando um grande reconhecimento à comunidade lean no Brasil pelos avanços que podem ser observados. Parabéns a você que, compartilhando aplicações e aprendizados da jornada lean, contribui para a melhoria do atendimento aos seus clientes, dos resultados de sua empresa e da competitividade de nosso país.

Publicado em 02/10/2019

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor no Lean Institute Brasil

Leia também