ESTRATÉGIA E GESTÃO

Jidoka

Máquina de lavar roupa é uma preciosidade que ajudou a revolucionar os afazeres domésticos e liberar as donas de casas de um trabalho braçal árduo. As empregadas, secretárias do lar, que o digam! Isso mesmo, o que está por trás dessa máquina é justamente o conceito sobre Jidoka que gostaria de discorrer nesta coluna.

O que de especial existe na máquina de lavar roupa do jeito que conhecemos? Vamos pensar juntos.

A máquina per si é um equipamento bem bolado constituído de carcaça , rotor e motor elétrico que programado executa o trabalho de lavar a roupa que nos idos tempos ocupava um bom tempo das donas casa além de exigir um esforço grande.

Ela ao iniciar o trabalho requer intervenção humana. É necessário colocar (carregar) as roupas dentro do compartimento onde se encontra o rotor , colocar os insumos para lavagem, programar e ligá-la. Uma vez ligada , desde que não ocorra nada anormal, a máquina completa o ciclo de trabalho e desliga-se automaticamente dentro de um tempo previsível. Na sequência há a necessidade de outra intervenção humana que é de retirar (descarregar) as roupas da máquina.

Vejamos, considerando um ciclo normal de trabalho da máquina de duas horas , a dona de casa ou a sua assistente, teve esse tempo disponível para fazer outros afazeres domésticos pois não precisou ficar tomando conta da máquina operar. Essa liberação de não necessitar de ficar como vigia da máquina é devido ao Jidoka. A autonomia que se dá para máquina de ela operar por si só e conseguir o resultado dentro da qualidade esperada.

Para nós, nos dias de hoje, parece tão simples e coisa banal. Para se chegar nesse estágio muitas coisas aconteceram e custaram duras penas!!!

Agora que pincelamos o que é Jidoka, vamos estender esse conceito na vida prática dentro de uma fábrica onde há uma intensa interação de máquinas e homens. O comum, nas grandes fábricas, é ter um homem para cada máquina em operação tomando conta dela..Operando dessa maneira, a quantidade de mão de obra, torna se um fator de competitividade.

Na Toyota o conceito de Jidoka é bem difundido e um colaborador no chão de fábrica, realmente, fica monitorando várias máquinas ao mesmo tempo. Para que isso seja possível, sem perder a eficiência operacional, algumas providências devem ser tomadas. Todas as máquinas novas antes de serem entregues para a produção, sofrem uma intervenção na área de manutenção de máquinas onde são instalados recursos para que a máquina reconheça qualquer anomalia e seja capaz de parar imediatamente e em seguida sinalizar ou chamar por socorro através de andon.

Na matriz da Toyota, no Japão, tive oportunidade de presenciar numa fábrica de motores, departamento de Usinagem, de peças componente de motor, operar no escuro, isto é literalmente com todas as luzes apagadas e sem nenhum colaborador por perto. E a razão disso era que todas as máquinas de usinagem trabalhavam com conceito de Jidoka bem elaborado. Inclusive o pessoal colaborador afirmava que trabalhando no escuro era mais fácil de localizar e identificar qual máquina apresentava problema pelo andon aceso.

Não somente em máquinas é aplicado o Jidoka. Pode ser também muito bem aplicado em operações de mão de obra intensa como em uma linha de montagem. A autonomia que o colaborador tem em parar a linha de montagem quando ocorrer qualquer anormalidade na linha é devido ao conceito Jidoka. O cordão estendido ao longo da linha ou as botoeiras nas estação de trabalho são os dispositivos para se executar o Jidoka. Para isso, obviamente, existem regras bem rígidas que devem ser rigorosamente observadas.

Por exemplo, ao detectar qualquer anomalia o colaborador aciona o mecanismo do Jidoka, puxa a corda ou aperta o botão. Um alarme é disparado e o andon auxilia na identificação da localização onde o problema está ocorrendo e chama pelo auxílio. O líder da equipe (team leader) ou do grupo que perceber esse chamado corre imediatamente para o local do problema e ajuda a sanar o mais depressa possível. Se a solução for alcançada dentro do tempo takt a linha não pára, caso contrário ela pára na posição predeterminada. Na Toyota existe um ditado que diz que a linha que não tem as pequenas paradas (chokotei) esconde inúmeros problemas.

Abordamos brevemente, dentro do pilar Jidoka, os dois fundamentos que são:

a) parar e notificar anormalidades e
b) separar o trabalho do homem do trabalho da máquina.

Para se aprofundar mais, com outros exemplos práticos, recomendo os leitores desta coluna ler o artigo sobre Jidoka de minha autoria e que está na sessão de artigos deste site.

No próximo artigo vamos trocar idéias á respeito da qualidade na fonte.

Publicado em 13/07/2009

Planet Lean - The Lean Global Networdk Journal