ESTRATÉGIA E GESTÃO

Propósito, Processo, Pessoas

A idéia simples do Dr. Womack para analisar empresas – Propósito, Processo, Pessoas – a esta altura é familiar para vocês. Eu venho me divertindo cada vez mais com isso desde que ele apresentou sua idéia pela primeira vez durante discussões informais do “ponto de vista do LEI“ e sua  introdução subseqüente da mesma na sua e-letter de junho de 2006.

Eu a utilizei na minha coluna para explorar a pergunta que frequentemente ouço sobre "Por que a GM não aprendeu com a NUMMI?" Minha resposta a essa pergunta continua sendo que a GM na verdade aprendeu muito mais do que a maioria das pessoas imaginam sobre o processo, mas não foi muito longe na parte de pessoas. Quanto ao propósito, sugeri que talvez a Toyota e a GM sempre tiveram propósitos diferentes e que além disso talvez o propósito não seja algo que você simplesmente aprenda.

Então, decidi que seria interessante apresentar um modelo simples. Todos conhecem a casa do TPS. Bem, aqui está a “balança” dos 3Ps do LEI. Talvez não seja perfeita. A idéia que eu estava tentando transmitir era que uma empresa lean é um sistema sócio-técnico. A teoria STS já existe há muito tempo e eu gosto de me referir à Maneira Toyota como um sistema sócio-técnico anabolizado. Você tem que trabalhar TANTO o lado social COMO o do processo para obter sucesso nele. Ele tem que ser um sistema total integrado e equilibrado.

O que eu gosto na idéia de retratar o modelo como uma balança é que isso enfatiza o fato de que os dois elementos – processo e pessoas – devem estar em equilíbrio. E devo dizer que acho que as empresas nunca entendem isso direito. Elas podem falhar em ambas as direções, no lado social ou no lado técnico, mas sempre erram para um lado em detrimento de outro.

Como vocês podem ver no modelo, eu substitui “Pessoas” por “social“ e “Processo“ por “técnico“. Isso parece funcionar.

E a administração tem como papel equilibrar os dois. Claro, “administração “ também são pessoas, então você poderia dizer que o modelo é um tanto temeroso a esse respeito. Mas parece funcionar para mim.

Então, como sua empresa é representada nessa balança? Para qual lado ela está pendendo?

Eu pergunto “para qual lado está pendendo?” porque estou apostando que ela está inclinada para um lado ou para o outro.

No meu ponto de vista, quando a “melhoria contínua“ começou, a ênfase inicial estava fortemente focada no lado social. Grupos, trabalho em equipe, delegação de poderes e tudo isso. Soava e parecia bom. Mas muitas dessas empresas nunca FIZERAM nada. E as empresas se perguntam por que não obtiveram resultados.

Então, tivemos o desequilíbrio na direção oposta. As empresas colocaram ruidosamente as ferramentas e processos em vigor, o envolvimento dos trabalhadores e entendimento dos funcionários que se danassem. Dessa forma, tivemos conselhos andon (conselhos andon muito caros) em vigor, mas posteriormente desativados, e sinais kanban colocados, sem qualquer resultado (literalmente – eu já vi isso, você também). E as empresas se perguntavam por que não obtinham resultados sustentáveis.

Podemos identificar essas tendências no decorrer do tempo – nos últimos 20-30 anos. Mas o que é mais interessante e perturbador – porém uma analise útil – é que mesmo hoje as empresas estão divididas entre estes dois grupos: empresas sociais e empresas técnicas.

É o equilíbrio que faz a diferença. O equilíbrio integrado. A Toyota – quando está atuando como a Toyota de alto desempenho que conhecemos tão bem – faz isso direito. Ela consegue ser AMBAS.

Para voltar ao ponto de partida, cabe à administração equilibrar essas forças. Mas a administração – os gerentes – só pode fazer isso com sucesso dependendo de quão bem consegue alinhar as forças com o propósito básico da empresa.

Suponha que uma empresa seja realmente a única a fazer isso no curto prazo. Ganhar o máximo de dinheiro que puder, o mais rápido que puder. Como será o equilíbrio?

Então, como sua empresa está representada? Como é o equilíbrio? A administração está trabalhando nisso? O propósito permite isso? O propósito ao menos encoraja isso? Isso faz a diferença? Aposto que sim.

Publicado em 27/04/2009

Planet Lean - The Lean Global Networdk Journal