VENDAS E MARKETING

Excelência Operacional combina com conhecer o cliente intimamente

A maioria das organizações continuamente esforça-se para alcançar a excelência operacional, mas elas gastam menos esforço entendendo as necessidades dos clientes – e poucos juntam efetivamente essas duas fontes de valor para o cliente. Ao mesmo tempo em que o foco na redução de custos, melhoria de qualidade e nível de serviço consistente e confiável continua sendo importante, vejo uma mudança na próxima década de combinar a excelência operacional com o conhecimento do cliente: soluções sob medida para clientes específicos baseadas em um profundo conhecimento de suas necessidades.

Considere a Tesco, uma das maiores varejistas com mais de 500.000 colaboradores, que passou as últimas três décadas melhorando seus processos na cadeia de suprimentos e as últimas duas coletando e analisando os dados dos clientes. Nos anos 80 e 90, a Tesco modernizou sua cadeia de suprimentos, introduzindo leitores de codigos de barras nos pontos de venda, centralizando e/ou automatizando pedidos, distribuição e controle de armazenagem e estabelecendo trocas eletrônicas de dados com seus fornecedores principais. Como resultado, o lead time para armazenagem foi reduzido de duas semanas a dois dias e o lead time dos fornecedores caiu de 2 semanas para dois dias. Em 1996, a Tesco adotou a abordagem do Sistema Toyota de Produção para levar suas operações da cadeia de suprimentos a níveis ainda mais elevados. Trabalhando com os fornecedores, foram mapeados os fluxos de diversas famílias de produtos e descobertas oportunidades de otimizar a logística. A empresa reprojetou seus processos para que os produtos fluíssem rapidamente dos fornecedores para armazenagem nas prateleiras ao invés do processamento em lotes na produção, embalagem, transporte e lojas. Por exemplo: a Tesco introduziu plataformas sob rodas para a movimentação de produtos com elevada demanda e alto giro, como refrigerantes, que dramaticamente otimizou a movimentação entre os fornecedores, armazéns e lojas, melhorando os tempos de ciclo e reduzindo os custos.

Mas para obter o valor todo de sua melhor capacidade na cadeia de suprimentos, a Tesco precisou juntar suas operações melhoradas com um profundo conhecimento de seus clientes que conseguiria a partir dos dados digitalizados agregados. Então, em 1993, a empresa lançou seu “cartão do clube” (Clubcard) com o qual os clientes poderiam ganhar pontos pelas compras, utilizáveis para descontos ou presentes. Enquanto construía-se uma lealdade com os pontos do “cartão do clube”, a Tesco trabalhou pacientemente as informações dos donos dos cartões, incluindo quais áreas da loja eles visitaram e suas preferências pelos produtos. Trabalhando com a consultoria Dunnhumby, eles eventualmente definiram 16 grupos de estilos de vida, combinando os dados das compras na loja (o que informou o que os clientes compraram e quando) e os dados de compras em casa (o que informou o que os clientes querem comprar, mas não estava disponível).

Você pode estar dizendo, OK, então eles construíram uma base de dados dos clientes. Qual é o grande segredo? O grande segredo e o que é realmente poderoso é o que a Tesco fez com os dados levantados. Ela utilizou os perfis dos clientes para descobrir necessidades não atendidas e para projetar e lançar uma série de serviços para atender essas necessidades, incluindo lojas de conveniência menores e compras online. A Tesco rastreou onde os clientes compraram – online ou na conveniência, em supermercados ou hipermercados. Depois ela customizou a variação de produtos nas lojas menores para a base local de clientes. Com apenas 1.500 itens, uma loja de conveniência tem que conseguir definir seu mix de produtos da forma certa. Como ouvi de Daniel Jones, o presidente da Lean Enterprise Academy e que trabalhou com a Tesco, o CEO Terry Leahy estava convencido de que a empresa deveria desenvolver esses novos formatos e ativamente apoiou seu desenvolvimento, apesar das preocupações dos gerentes de lojas que suas vendas seriam canibalizadas. (Para saber mais sobre a história da Tesco, veja o livro de Terry Leahy “Management in 10 Words e o de Daniel Jones “Soluções Enxutas”).

Juntando as capacidades da cadeia de suprimentos com os dados dos clientes, a Tesco trabalhou os detalhes operacionais de como entregar exatamente o que os clientes querem para cada tipo de loja. Sua cadeia de fornecedores agil permitiu que eles reabastecessem pequenas lojas ao mesmo custo das grandes lojas – então, eles poderiam cobrar o mesmo preço em todos os formatos. Eles continuaram a usar os dados do cartão do clube para regularmente adaptarem as ofertas, ajustando a cadeia de suprimento conforme necessário. De maneira interessante, assim que eles passaram a vender online, os gerentes das lojas viram um crescente número de vendas, ao invés de canibalização e, então, ficaram convencidos rapidamente.

Se você escuta o oba oba sobre “Big Data” e “Analytics”, isso parece como se estivesse se tornando cada vez mais fácil analisar os dados dos clientes. Mas a verdade é que interpretar os dados é difícil e traduzi-los em novas experiências para os clientes é mais difícil ainda. Empresas como a Amazon e a Netflix podem ajudá-lo a comprar, recomendando produtos, é um passo a frente. Mas é um enorme desafio mudar o atendimento do pedido e outros passos concretos no ciclo de vida do cliente como a Tesco tem feito.

Pouquíssimas organizações têm a disciplina fundamentada da Tesco de melhoria operacional contínua, que permite a eles tirar grande vantagem dos dados que conseguem coletar por meio da análise dos dados dos clientes. Empresas ainda menores têm equipes de trabalho interfuncionais que as capacitam a tornar esses dados em novas experiências para o cliente por meio de operações e serviço ao cliente. Mas juntar essas duas competências está rapidamente se tornando em uma necessidade competitiva para entregar níveis mais altos de valor aos clientes do que era possível previamente.

Publicado em 14/05/2013

Planet Lean - The Lean Global Networdk Journal