ESTRATÉGIA E GESTÃO

Grandes transformações desafiaram a gestão em 2020… e vão impactar 2021

Flávio Augusto Picchi
Grandes transformações desafiaram a gestão em 2020… e vão impactar 2021
Após um ano tão difícil, tirar proveito dos aprendizados é fundamental para entrarmos em 2021 mais preparados para um mundo que mudou significativamente.

Uma série de mudanças em padrões de comportamento, de tecnologia, de consumo, de riscos e de incertezas – que impactaram fortemente a gestão das empresas – foi o grande marco de 2020 para as companhias.

Foram transformações que, na verdade, já vinham ocorrendo há tempos, mas que se intensificaram como nunca. E estimularam (ou até mesmo obrigaram) as organizações a reformularem processos, planos, estratégias, produtos, serviços e seus modelos de negócios. São mudanças que devem se potencializar ainda mais no ano que vem.

Destaco pelo menos cinco grandes transformações que em 2020 entram para a história como “motores” de mudanças organizacionais. Para hoje e para o futuro.

 

Intensa digitalização

Nunca a relação entre empresas e consumidores foi tão intermediada por tecnologias digitais (por exemplo, o uso de aplicativos, que passaram a ser utilizados para se fazer praticamente tudo). Sem falar das mídias sociais que cada vez mais se consolidam como a grande interface do mercado, capaz de levar companhias ao sucesso ou mesmo ao declínio.

Nesse cenário, organizações foram e serão ainda mais desafiadas a idealizar e executar formas cada vez mais inteligentes de promover a transformação lean digital de seus processos, produtos e serviços. Assim como utilizar maneiras tecnológicas melhores para interagir com seus diversos públicos.

Isso significa, por exemplo, rever continuamente os processos, para que as empresas não caiam nas ainda típicas armadilhas de digitalizar desperdícios ou mesmo serviços ruins.

 

Riscos, inseguranças e incertezas

Foi e ainda é impossível ficar imune aos impactos da pandemia mundial. Não à toa. Trata-se de um fenômeno sem precedentes e que, por isso, atingiu companhias das mais diversas formas. E cujos efeitos ainda perdurarão por um bom tempo.

De maneira geral, pode-se dizer que a pandemia aumentou os graus de riscos, de inseguranças, de incertezas e de instabilidade em praticamente todos os mercados.

Com isso, planos estratégicos de longo prazo foram revistos ou mesmo “rasgados” e substituídos por pensamentos e ações de curto prazo. E processos tiveram de ser repensados.

 

Rápida adaptação

Crises econômicas são frequentes e periódicas. Porém, 2020 ficará marcado como o ano das mudanças econômicas bruscas, repentinas e inesperadas.

No auge da “primeira onda”, grande parte da economia das maiores cidades simplesmente parou. Em paralelo, outros setores tiveram sobrecargas de demandas, como os insumos médicos, as áreas de entregas, a produção de embalagens… Depois disso, retomadas também súbitas passaram a ocorrer em segmentos específicos.

Tudo isso exigiu e ainda exige uma capacidade de rápida adaptação, flexibilidade, ajustes de custos, negociação com fornecedores e criatividade para mudar ou lançar produtos, rever serviços ou mesmo melhorar processos para atender às demandas.

 

Trabalho remoto

Nem o mais atento especialista em recursos humanos teria pensado, lá em janeiro, que 2020 seria o ano do trabalho remoto. Mas foi. E de forma também brusca. Repentinamente, líderes das empresas viram grande parte ou mesmo 100% de seus colaboradores tendo de trabalhar em casa.

Com isso, iniciou-se uma inesperada transformação nas relações de trabalho, o que vem gerando uma série de desafios. Isso inclui pessoas tendo de se adaptar rapidamente para trabalhar em suas residências, os investimentos e os aprendizados necessários em novas tecnologias para se fazer as coisas à distância, além da inevitável necessidade de se reinventar as relações entre líderes e liderados.

 

Maior valorização da diversidade

Sem relação direta com a pandemia, mas concomitantemente e talvez potencializado pelas situações únicas, ocorreu neste ano uma revalorização da diversidade, que fez ressaltar nas relações sociais e nas mídias a importância de se respeitar e se valorizar as diferenças.

Isso tem estimulado muitas companhias a se posicionarem publicamente sobre o assunto. Mais do que isso, elas foram estimuladas a rever suas políticas de recursos humanos, no sentido de abarcar a diversidade em seus quadros.

Todas estas transformações pegaram as empresas, sem exceção, de maneira inesperada. Mas com certeza aquelas que já possuíam em sua gestão os princípios lean conseguiram responder melhor mais rapidamente, utilizando as capacidades de solução de problemas e orientação a melhorias com propósito claro e de forma participativa.

2021 vem aí e será um ano em que essas transformações e seus desdobramentos continuarão repercutindo no universo das organizações. Muitas dessas repercussões ainda são imprevisíveis. O que se pode afirmar com certeza, porém, é que os ventos de mudança vão exigir cada vez mais que as empresas sejam melhores hoje do que foram ontem.

Nesses cenários do presente e do futuro, incrementar a gestão lean continuamente é e será, cada vez mais, o fator decisivo. Tanto para a sobrevivência quanto para o sucesso organizacional.

Publicado em 10/12/2020

Autor

Flávio Augusto Picchi
Senior Advisor do Lean Institute Brasil

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