Uma série de mudanças em padrões de comportamento, de
tecnologia, de consumo, de riscos e de incertezas – que impactaram
fortemente a gestão das empresas – foi o grande marco de 2020 para
as companhias.
Foram transformações que, na verdade, já vinham ocorrendo
há tempos, mas que se intensificaram como nunca. E estimularam (ou
até mesmo obrigaram) as organizações a reformularem
processos, planos, estratégias, produtos, serviços e seus modelos
de negócios. São mudanças que devem se potencializar ainda
mais no ano que vem.
Destaco pelo menos cinco grandes transformações que em 2020 entram
para a história como “motores” de mudanças
organizacionais. Para hoje e para o futuro.
Intensa digitalização
Nunca a relação entre empresas e consumidores foi tão
intermediada por tecnologias digitais (por exemplo, o uso de aplicativos, que
passaram a ser utilizados para se fazer praticamente tudo). Sem falar das
mídias sociais que cada vez mais se consolidam como a grande interface do
mercado, capaz de levar companhias ao sucesso ou mesmo ao declínio.
Nesse cenário, organizações foram e serão ainda mais
desafiadas a idealizar e executar formas cada vez mais inteligentes de promover
a transformação lean digital de seus processos, produtos e
serviços. Assim como utilizar maneiras tecnológicas melhores para
interagir com seus diversos públicos.
Isso significa, por exemplo, rever continuamente os processos, para que as
empresas não caiam nas ainda típicas armadilhas de digitalizar
desperdícios ou mesmo serviços ruins.
Riscos, inseguranças e incertezas
Foi e ainda é impossível ficar imune aos impactos da pandemia
mundial. Não à toa. Trata-se de um fenômeno sem precedentes
e que, por isso, atingiu companhias das mais diversas formas. E cujos efeitos
ainda perdurarão por um bom tempo.
De maneira geral, pode-se dizer que a pandemia aumentou os graus de riscos, de
inseguranças, de incertezas e de instabilidade em praticamente todos os
mercados.
Com isso, planos estratégicos de longo prazo foram revistos ou mesmo
“rasgados” e substituídos por pensamentos e
ações de curto prazo. E processos tiveram de ser repensados.
Rápida adaptação
Crises econômicas são frequentes e periódicas. Porém,
2020 ficará marcado como o ano das mudanças econômicas
bruscas, repentinas e inesperadas.
No auge da “primeira onda”, grande parte da economia das maiores
cidades simplesmente parou. Em paralelo, outros setores tiveram sobrecargas de
demandas, como os insumos médicos, as áreas de entregas, a
produção de embalagens… Depois disso, retomadas
também súbitas passaram a ocorrer em segmentos específicos.
Tudo isso exigiu e ainda exige uma capacidade de rápida
adaptação, flexibilidade, ajustes de custos,
negociação com fornecedores e criatividade para mudar ou
lançar produtos, rever serviços ou mesmo melhorar processos para
atender às demandas.
Trabalho remoto
Nem o mais atento especialista em recursos humanos teria pensado, lá em
janeiro, que 2020 seria o ano do trabalho remoto. Mas foi. E de forma
também brusca. Repentinamente, líderes das empresas viram grande
parte ou mesmo 100% de seus colaboradores tendo de trabalhar em casa.
Com isso, iniciou-se uma inesperada transformação nas
relações de trabalho, o que vem gerando uma série de
desafios. Isso inclui pessoas tendo de se adaptar rapidamente para trabalhar em
suas residências, os investimentos e os aprendizados necessários em
novas tecnologias para se fazer as coisas à distância, além
da inevitável necessidade de se reinventar as relações
entre líderes e liderados.
Maior valorização da diversidade
Sem relação direta com a pandemia, mas concomitantemente e talvez
potencializado pelas situações únicas, ocorreu neste ano
uma revalorização da diversidade, que fez ressaltar nas
relações sociais e nas mídias a importância de se
respeitar e se valorizar as diferenças.
Isso tem estimulado muitas companhias a se posicionarem publicamente sobre o
assunto. Mais do que isso, elas foram estimuladas a rever suas políticas
de recursos humanos, no sentido de abarcar a diversidade em seus quadros.
Todas estas transformações pegaram as empresas, sem
exceção, de maneira inesperada. Mas com certeza aquelas que
já possuíam em sua gestão os princípios lean
conseguiram responder melhor mais rapidamente, utilizando as capacidades de
solução de problemas e orientação a melhorias com
propósito claro e de forma participativa.
2021 vem aí e será um ano em que essas transformações
e seus desdobramentos continuarão repercutindo no universo das
organizações. Muitas dessas repercussões ainda são
imprevisíveis. O que se pode afirmar com certeza, porém, é
que os ventos de mudança vão exigir cada vez mais que as empresas
sejam melhores hoje do que foram ontem.
Nesses cenários do presente e do futuro, incrementar a gestão lean
continuamente é e será, cada vez mais, o fator decisivo. Tanto
para a sobrevivência quanto para o sucesso organizacional.