A empresa de pesquisa em tecnologia da informação Gartner chama a TI de “bimodal”. Em outras palavras, ela divide a entrega da TI em duas categorias: um tipo de TI é convencional, lento, e seu principal propósito é dar suporte às operações atuais; enquanto outro é disruptivo, ágil e focado em encontrar novos negócios digitais.
Alguns entusiastas da Era Digital erroneamente consideram o lean uma abordagem que é somente dedicada à eficiência e rapidamente o caracteriza com algo ultrapassado que é apenas relevante para a TI convencional (o primeiro modo, se formos usar a categorização de Gartner).
Em minha mente, essa visão é muito limitada e mostra uma falta de entendimento sobre a forma como a gestão moderna evoluiu. Um de meus primeiros consultores de gestão, Frederick W. Taylor, acreditava firmemente que uma empresa efetiva poderia ser criada ao dividir um emprego em tarefas separadas e identificar a melhor forma de fazer cada uma delas.
A digitalização está se proliferando [...], o que torna o ambiente de trabalho mais complexo do que nunca
As funções especializadas como conhecemos hoje (e a TI é certamente uma delas) são resultado desse tipo de pensamento gerencial. Entretanto, a digitalização está se proliferando, e a informação pode agora ser compartilhada muito mais rapidamente (muitas vezes em uma questão de segundos), o que torna o ambiente de trabalho mais complexo do que nunca.
Como resultado, as abordagens de comando e controle que já foram tão poderosas nos negócios começam a desmoronar. O que se tornou mais forte, em vez disso, é a ideia de que o pensamento lean é mais útil em uma transformação digital de negócio do que os princípios da gestão tradicional, graças a conceitos como conscientização sistêmica e organização da aprendizagem e seu foco na análise de dados estatísticos e no compartilhamento de informações transparentes (o que traz o princípio jodoka da Toyota à mente).
Como o general Stanley McChrystal diz em “Team of Teams: New Rules of Engagement for a Complex World”:
“A eficiência continua sendo importante, mas a habilidade de adaptar-se à complexidade e à mudança contínua se tornou imperativa”.
O lean é a metodologia ideal para garantir que a TI tenha a função que merece em uma transformação digital
É por isso que o lean é a metodologia ideal para garantir que a TI tenha a função que merece em uma transformação digital. E isso se aplica para os dois “modos” da TI: para o legado, os sistemas convencionais lean pode melhorar a eficiência, a velocidade, os níveis de custo e a estabilidade, enquanto para os novos esforços digitais pode permitir a aprendizagem experimental, capacidade de transformação, cooperação e o desbloqueio de oportunidades de negócio.
O DESAFIO DA APRENDIZAGEM
Hoje as organizações enfrentam o desafio urgente de ter que descobrir novos caminhos para a inovação e encontrar novas oportunidades de negócio baseadas na TI (estou pensando em negócios revolucionários, como Uber).
A fim de transformar ideias inovadoras e transformadoras em negócios de sucesso, você precisa integrar por completo a função da TI com o resto de sua organização
A fim de transformar ideias inovadoras e transformadoras em negócios de sucesso, você precisa integrar por completo a função da TI com o resto de sua organização e garantir que as duas cooperem. E nem isso pode ser suficiente: você também precisa envolver os seus clientes potenciais.
Ao projetar serviços digitais, o PDCA é quem rege o jogo: é assim que podemos testar ideias de negócio com clientes e aprender a fracassar de forma rápida e barata (a natureza iterativa da melhoria e do aprendizado que caracteriza as transformações digitais de hoje reduz o risco inerente de fazer um investimento) quando as ideias não cumprem sua promessa.
COMO TRANSFORMAR SILOS EM UMA PERCEPÇÃO COMPARTILHADA
O ponto forte da TI convencional está no fato de que eles conhecem todas etapas e partes do sistema, o que é crítico para qualquer transformação lean.
o propósito geral de tal transformação é criar um fluxo de ponta a ponta que cruze os silos. Nas organizações de hoje, o produto que flui não é físico, entretanto: é informação (que, por exemplo, é transferida e manipulada em aplicativos ou armazenadas em base de dados).
A TI tem todo conhecimento necessário para ajudar a simplificar esse fluxo, coletar dados sobre os tempos de ciclo e revelar o estoque em processo digital antes invisível.
É sua responsabilidade enquanto líder garantir que exista um entendimento amplo do fluxo de informações e do propósito da organização como um todo. Por isso, acredito que as salas obeya físicas e digitais são cruciais para fornecer informações transparentes e tornar a tomada de decisões descentralizadas possível. De alguma forma paradoxal, anotações em Post-its, quadros brancos e reuniões diárias ainda são mais eficientes para criar um entendimento comum e uma cultura de colaboração do que para definir estritamente descrições de funções, gráficos organizacionais ou aplicações de compartilhamento de dados.
É muito provável que seu departamento de TI já utilize métodos populares, como scrum, ágil, devops ou kanban, o que significa que já existem pessoas por lá que conhecem os conceitos de fluxo, redução de estoque em processo e visualização. Tenho certeza de que a TI ficará feliz em compartilhar seus insights para os desafios atuais do negócio - e você deveria escutá-la!
O pensamento lean [...] deve ser usado como uma estratégia disruptiva para transformar a TI [...] em termos de mentalidade de gestão
O pensamento lean é uma base forte para seus esforços de digitalização. Ele pode e deve ser usado como uma estratégia disruptiva para transformar a TI, não em termos de tecnologia (que já está disponível), mas em termos de mentalidade de gestão.